Fascismo x antifascismo
por Igor Fuser* Amig@s, o conflito está se tornando muito diferente do que era até agora. Não é mais uma questão partidária ou ideológica ou mesmo de interpretação do que […]
Publicado 17/03/2016
por Igor Fuser*
Amig@s, o conflito está se tornando muito diferente do que era até agora.
Não é mais uma questão partidária ou ideológica ou mesmo de interpretação do que é constitucional ou não. Tornou-se um embate entre civilização e barbárie. Fascismo e antifascismo.
Adolescentes espancados na avenida Paulista, como aconteceu na noite de quarta-feira, sede da UNE pixada, sindicato invadido, Uma mulher de quase 70 anos, com uma vida inteira de luta ao lado do povo, sendo levada para depor de camisola, às 6h da manhã.
Ontem alguns inocentes úteis, ou inúteis, bateram panela ao lado da universidade onde eu leciono e, quando os alunos apareceram pra espiar o que estava acontecendo, foram xingados de “petralhas”.
E isso é só o começo. Queriam o impeachment, têm a totalidade da mídia e a maioria do Judiciário ao lado deles, multidões nas ruas, mas percebem que isso não é suficiente pra depor um governo legítimo. Ao menos, não do jeito que eles querem. Sabem que isso não é pra já. Então querem ganhar no grito. Por isso agora gritam “renúncia”.
Esboçam uma “revolução colorida”, como se aqui fosse a Ucrânia. Tratam de “venezuelizar” o país, pra usar um termo de que eles tanto gostam. A polícia está do lado deles, não só a PF como a PM. Nas universidades, e em toda parte, já surgem sinais de caça às bruxas.
Os brucutus correm contra o tempo, sabem que se as pessoas começarem a pensar, refletir, verão que o cenário não é exatamente como eles pintam. Precisam manter a excitação no ponto máximo, envenenar e reenvenenar os espíritos, o tempo todo, antes que as pessoas comecem a se perguntar aonde estão afinal as provas contra Lula, a se perguntar por que mesmo a Dilma “precisa” ir embora….
Da nossa parte, só há um caminho: serenidade e firmeza. Resistir, resistir sempre, sem recuar um só passo, ao mesmo tempo sem cair em provocações. Mostrar que os democratas somos nós. A turma do diálogo somos nós. No último domingo, ocorreram manifestações maciças da direita no país inteiro e não houve um só tumulto, um só incidente. Os coxinhas que se manifestassem sem serem incomodados, como aconteceu.
Sexta-feira dia 18 de março é o nosso dia. Vamos mostrar que o Brasil também somos nós. Eles não vão conseguir enxotar uma presidenta petista, uma mulher que resistiu às torturas dos anos de chumbo, como se fosse um cão sarnento. Não vão esculachar o maior líder popular da história deste país. Não nos deixaremos tratarem como criminosos, quando os verdadeiros criminosos são eles e, principalmente, os seus chefes.
A hora é grave, a mais grave desde o fim da ditadura, ou antes, desde os atentados do Riocentro, desde a chacina da Lapa…
Mais do que nunca, a esquerda, e eu digo aqui, a esquerda inteira, precisa se unir, mais do que a esquerda, todas as pessoas decentes, aqueles que ainda são capazes de pensar, os que ainda não se deixaram bestificar, precisamos reagir. Com todas as nossas forças, nossa inteligência, nossas derradeiras reservas de energia.
Não se trata de ser a favor de um governo em relação ao qual quase todos temos críticas, em alguns casos críticas devastadoras. Já não é o momento de discutir o que nos divide, o que nos separa, mas de defender o espaço político e cidadão conquistado com tanta luta sob a ditadura, nos sindicatos e oposições sindicais, nas universidades, nas igrejas, nos bairros, nas campanhas da anistia e das diretas, na Constituição de 1988, nos grupos de teatro popular, nos jornaizinhos clandestinos ou não, no hip-hop, no grafiti, nos cárceres, no pau-de-arara e cadeira-do-dragão.
Se hoje eles conseguem dar o golpe de Estado, não vão parar por aí. Vão atrás dos sem-terra, dos sem-teto, da moçada do passe livre, dos guaranis-caiovás. das mulheres em luta pelo direito ao aborto, dos gays em luta pelo respeito, dignidade e direitos iguais. A palavra “direito” vai desaparecer da agenda pública, junto com as garantias trabalhistas. Vão censurar nossas aulas, proibir nossos blogs. Vão exigir atestado ideológico como hoje se pergunta pelo CPF. É tudo isso, e muito mais, o que está em jogo nesses dias tensos, como há muitas décadas não se via neste país.
Sexta-feira 18 de março é o nosso dia. Nem um passo atrás. Vamos mostrar que o Brasil também somos nós. O futuro é nosso, a razão, a verdade e os sentimentos mais puros estão com a gente, na nossa voz, no nosso coração.
Vamos resistir, todos e todas. O fascismo não passará. Pátria livre, venceremos!
*Igor Fuser é professor de Relações Internacionais da UFABC