Atingidas organizam exposição de arpilleras em Rondônia
Seminários e oficinas também fazem parte da programação da exposição, que tem como tema a violação dos direitos as mulheres nas construções das barragens. Nos últimos anos, Rondônia recebeu 2 […]
Publicado 17/12/2015
Seminários e oficinas também fazem parte da programação da exposição, que tem como tema a violação dos direitos as mulheres nas construções das barragens.
Nos últimos anos, Rondônia recebeu 2 grandes empreendimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento): Jirau e Santo Antônio, duas hidrelétricas, cada uma com 3.000 MW de capacidade de geração instaladas, os empreendimentos impactaram a vida de milhares de famílias e de comunidades ao redor do Rio Madeira de várias formas, violando os direitos desses povos, desde o direito a consulta previa e a dizer não, até o direito aos seus territórios.
No contexto de uma sociedade onde as relações de poder são patriarcais e machistas, as mulheres atingidas se mostram como sujeitas afetadas à medida que, na estrutura social, são responsáveis pela manutenção do lar e dos laços comunitários. Com as Barragens suas vidas tornam-se mais difíceis, passam a viver um período de inseguranças e angustias pelo futuro incerto seu e da família. Este é um conflito de ordem subjetivo, imaterial, pois afeta o sentimento das pessoas. Além de aumentar a violência contra as mulheres com a chegada de toda uma rede de mercantilização do corpo da mulher, cuja prostituição é uma das facetas mais prejudiciais. Em muitos casos suas vozes sequer ecoam, porque as empresas não estão dispostas a escutá-las.
O Relatório das Violações de Direitos Humanos nas Hidrelétricas do Rio Madeira, da plataforma DHESCA, realizado em maio de 2011, aponta que Porto Velho registrou um aumento geral nos índices de violência após o início das obras. O número de homicídios dolosos cresceu 44% entre 2008 e 2010, a quantidade de crianças e adolescentes vítimas de abuso ou exploração sexual subiu 18 % e o numero de estrupos subiu 208% em dois anos após inicio das obras.
Neste contexto de violações e violências o MAB Movimento dos Atingidos por Barragens desde 2013 iniciou o trabalho de fortalecimento da luta e empoderamento de mulheres atingidas por barragens de todo o Brasil através da técnica de retrato têxtil Arpilleras, uma técnica chilena de bordado usado durante o período de ditadura militar de Pinot pelas mulheres para retratar a violação de seus direitos e as violências que sofriam.
Em Rondônia foram construídas 16 arpilleras, nas comunidades dos Reassentamentos Santa Rita e Morrinhos, Joana D´Arc, Jaci Paraná, Nova Mutum Paraná, São Carlos, Candeias do Jamary, Triunfo, Itapuã e Porto Velho, envolvendo cerca de 200 mulheres atingidas por Samuel, Santo Antônio e Jirau.
Seminário de mulheres atingidas
O Seminário “Mulheres em Luta: Bordando a Resistência” aconteceu no último dia 12 de dezembro no Espaço Mulher, na Coordenadoria Municipal de Mulheres. O objetivo foi reunir as mulheres atingidas do campo e da cidade, pra dialogar sobre a violação dos direitos das mulheres e o impacto da vida destas, com a instalação dos empreendimentos hidrelétricos em Rondônia, ao todo mais de 150 pessoas participaram do Seminário, a maioria mulheres.
A Exposição Arpilleras, bordando a resistência, está acontecendo no espaço da Fundação Cultural de 12 a 18 de dezembro. Aberto a todos que desejarem conhecer o trabalho realizado em processo de formação com as mulheres do MAB, conhecendo as peças confeccionadas por elas nas comunidades. A exposição está aberta das 8h as 18h.
O enceramento acontecerá dia 18 na Coordenadoria Municipal de Mulheres.