Encontro marca a vitória dos atingidos pela enchente no Paraná

Pela primeira vez na história, a luta dos atingidos por barragens garantiu que vítimas de enchentes à jusante de barragem fossem ressarcidas

Nesta última sexta-feira (27/11), atingidos pela enchente causada pela abertura das comportas da Usina Hidrelétrica Salto Caxias, localizada no sudoeste do Paraná, realizaram um ato comemorativo pela conquista histórica do ressarcimento das perdas e dos danos ocasionados na época.

Mais de 500 pessoas participaram do encontro, realizado na comunidade de Marmelândia, município de Realeza (PR). “Este pavilhão, onde aconteceu o encontro, é simbólico, porque foi aqui que as famílias se abrigaram no momento da enchente”, afirmou a integrante da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Judith Antonello.

A intensidade das águas, ocasionada pela abertura das comportas, provocou perdas incalculáveis. “Nunca imaginei passar por esta situação, ver nossas coisas indo embora com as águas e ficarmos sem poder fazer nada”, desabafou a atingida do município de Capanema, Izolde Martini.

A água acumulada no reservatório foi “despejada” de uma só vez sem que as famílias à jusante pudessem ter o mínimo de tempo e condições de se protegerem. O descaso com a população ribeirinha afetou mais de 400 famílias nos municípios de Nova Prata do Iguaçu, Capitão Leônidas Marques, Realeza e Capanema, todas localizadas no sudoeste do Paraná.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Cidadania, da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, o deputado Tadeu Veneri, esteve presente e ressaltou a importância da conquista. “Entendemos que foi uma importante conquista com a marca da organização. Como deputado e presidente da Comissão de Direitos Humanos é nosso dever estarmos juntos na busca de soluções, assim como cobrarmos da COPEL a sua obrigação social de atender as demandas das famílias”, comentou Tadeu.

A conquista só foi possível porque houve muita luta e organização. Após várias mobilizações, audiências e reuniões – durante mais de um ano – as famílias começaram a receber uma indenização para suprir parte dos prejuízos.

Segundo a atingida pela enchente no município de Capitão Leônidas Marques (PR), Alvira Flores da Silva, é necessário manter a organização dos atingidos. “Esta luta é justa e os culpados só serão punidos se o povo mostrar a força que tem, do contrário, sempre sairão ilesos”, opinou Alvira.

O encontro também apontou o compromisso com a luta e a organização dos atingidos pela hidrelétrica do Baixo Iguaçu para garantir seus direitos. “Muita organização precisará ser feita. Vamos seguir em frente, porque há muito para se fazer”, afirmou o integrante da coordenação do MAB, Osmar Wolmer.

Estiveram presentes representantes da CUT,  Assesoar, Sindicato Trabalhadores Rurais dos municípios de Coronel Vivida e Realeza, APP-Sindicato, Sindipetro, CAPA, Unicafes, Cresol, INFOCOS, Defesa Civil, Prefeitura de Realeza, Sindicato dos  Comerciários e do Transporte de Pato Branco, além de vereadores, prefeito de Capitão Leônidas Marques, deputado estadual Tadeu Veneri e o Assessor do deputado Lemos.