Sem terra que protestaram contra crime ambiental em Mariana são presos
Intervenção ocorreu na câmara dos deputados; Polícia legislativa deteu quatro jovens e os acusou de crimes ambientais. por Brasil de Fato foto: MST Quatro jovens foram presos pelo Departamento de […]
Publicado 26/11/2015
Intervenção ocorreu na câmara dos deputados; Polícia legislativa deteu quatro jovens e os acusou de crimes ambientais.
por Brasil de Fato
foto: MST
Quatro jovens foram presos pelo Departamento de Polícia Legislativa (Depol) após um intervenção na Câmara dos Deputados realizada ontem (25) em solidariedade às vítimas do rompimento das barragens da Samarco – joint venture formada pela Vale e BHP Billiton-, em Mariana (MG), e contra o novo código da mineração.
Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os manifestantes foram acusados de cometer crime ambiental, por jogarem lama nas paredes da Câmara na intervenção.
Ironicamente, os militantes foram detidos e transferidos para a carceragem da polícia civil acusados de crime ambiental ao realizarem uma intervenção em que trouxeram argila com água, justamente para denunciar o crime cometido pela mineradora. A soma das acusações chega a 4 anos de prisão. Quatro jovens do MST são presos por sujar paredes da Câmara com lama numa intervenção teatral (limpas depois de alguns minutos), enquanto diretores da Vale foram responsáveis por mortes, desaparecimento de pessoas, destruição de centenas de lares, contaminação ambiental por lama tóxica, e continuam todos soltos?!, disse o MST em nota.
Os policiais cercaram a sala da Liderança do PSOL, cujos deputados protegeram alguns manifestantes e jornalistas de movimentos populares que cobriam o ato. Isso é inadmissível. Tanto a truculência da Polícia Legislativa contra os manifestantes, quanto o cerco feito em nossa liderança. A polícia de Cunha não nos intimidará, afirmou deputado Ivan Valente.
O membro da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), Eduardo Correa, afirma que advogados estão acompanhando os jovens desde o momento da prisão e trabalhando para obter a liberdade deles o mais rápido possível. Ainda ontem, os mais de 200 profissionais presentes em um encontro da Rede realizaram um ato pela liberação dos quatro manifestantes.
Eles foram presos de forma arbitrária e abusiva, apenas por exercer seu direito à liberdade de manifestação. Eles foram presos sob acusações absurdas, que não levam em regra ninguém a estar encarcerado, disse o advogado.
Confira abaixo a nota completa do MST em repúdio a prisão dos jovens:
O MST vem a público denunciar e repudiar veementemente a prisão de quatro jovens do Movimento após uma intervenção na Câmara dos Deputados Federais em solidariedade às vítimas de Mariana e contra o novo Código da Mineração, nesta quarta-feira (25), em Brasília, ao denunciarem o crime ambiental causado pela mineradora Samarco e a Vale.
Ironicamente, os militantes foram detidos e transferidos para a carceragem da polícia civil acusados de crime ambiental ao realizarem uma intervenção em que trouxeram argila com água, justamente para denunciar o crime cometido pela mineradora. A soma das acusações chega a 4 anos de prisão.
Quatro jovens do MST são presos por sujar paredes da Câmara com lama numa intervenção teatral (limpas depois de alguns minutos), enquanto diretores da Vale foram responsáveis por mortes, desaparecimento de pessoas, destruição de centenas de lares, contaminação ambiental por lama tóxica, e continuam todos soltos?!
Esta ação violenta da Polícia Legislativa somada a outros recentes episódios na casa apenas demonstram a arbitrariedade do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acuado com os inúmeros protestos que pedem sua saída da presindência da casa por causa das recentes denúncias de corrupção que envolvem sua pessoa.
Os cerca de 200 advogados reunidos no Encontro da Rede Nacional dos Advogados e Adovagadas Populares (Renap) fazem vigília em frente à delegacia de Polícia Especializada, local em que os jovens estão detidos.
O MST espera que sejam tomadas as devidas providências por parte do poder judiciário para que seja revisto esta postura antidemocrática e violadora de direitos humanos cometida pela atual lógica vigente da “Casa do Povo”.
Direção Nacional do MST
Brasília, 25 de novembro de 2015