Atingidos de Sobradinho desocupam torres de telefonia em Sento Sé
Após 18 dias de ocupação, atingidos deixaram as torres de telefonias com a promessa de uma reunião na próxima segunda-feira com as empresas, intermediada pelo governo do estado da Bahia. […]
Publicado 14/11/2015
Após 18 dias de ocupação, atingidos deixaram as torres de telefonias com a promessa de uma reunião na próxima segunda-feira com as empresas, intermediada pelo governo do estado da Bahia. Apesar de viverem ao lado das torres de transmissão, os atingidos são privados do acesso à comunicação.
Desde o dia 28 de outubro, aproximadamente 200 atingidos organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens ocuparam as torres de transmissão das operadoras OI, VIVO e TIM. Elas estão localizadas na Serra da Mina do Encaibro, no município de Sento Sé (BA). As famílias reivindicam o acesso à comunicação, já que as torres transmitem sinal para outras regiões enquanto mais de 2 mil famílias que moram no entorno da Serra não tem acesso à telefonia móvel.
Os atingidos denunciam que foram expulsos de suas terras onde hoje fica a barragem de Sobradinho, o que acarretou uma série de violações de direitos dessas famílias em relação ao acesso à água, energia elétrica, transporte, moradia, estradas, saúde, educação e também a telecomunicação, principal pauta do ato.
Há 39 anos fomos expulsos de nossas terras e casas para dar lugar a construção da barragem, uma obra que nos causou muito sofrimento. Até hoje não tivemos acesso à indenização, moradia, comunicação, nem mesmo a energia gerada pela barragem. Até o acesso à água é difícil, temos que pagar 200 reais por um carro-pipa. Muitos dos nossos direitos ainda são negados, todas as conquistas que tivemos até hoje são resultado da nossa luta, afirmou a atingida Isis Laila.
Após 18 dias de ocupação, os atingidos conseguiram arrancar uma reunião com o secretário de Relações Institucionais, Josias Gomes, e as empresas de telefonia, agendada para a próxima segunda-feira (16/11), em Salvador (BA).
Na pauta ainda consta a titulação das terras das famílias, acesso à luz e água, aos programas produtivos do estado e a construção da Política Estadual de Direitos dos Atingidos por Barragens.
Esperamos que o governo cumpra com seu compromisso de avançar na pauta de reivindicação do MAB. A nossa péssima situação de vida é de responsabilidade histórica da hidrelétrica de Sobradinho, potencializada com a omissão e negligência do governo do estado, apontou a coordenação estadual do MAB, Marta Rodrigues.