Norte Energia tenta agir de forma autoritária com atingidos; veja no que deu
Sem prestar os devidos esclarecimentos, Norte Energia tentou iniciar o cadastramento socioeconômico dos atingidos por Belo Monte no bairro Independente 2, em Altamira (PA). Temendo que a empresa cadastrasse apenas […]
Publicado 10/11/2015
Sem prestar os devidos esclarecimentos, Norte Energia tentou iniciar o cadastramento socioeconômico dos atingidos por Belo Monte no bairro Independente 2, em Altamira (PA). Temendo que a empresa cadastrasse apenas parte dos atingidos e confusos com declarações divergentes dos técnicos, os moradores bloquearam a rua, impedindo a passagem de dois carros da equipe de cadastramento. Com medo do povo, os funcionários da concessionária permaneceram dentro dos veículos, embora os moradores tenham afirmado que eles poderiam sair em segurança.
Os moradores denunciaram que os veículos da empresa não tinham identificação. A equipe tentou negociar com algumas famílias a portas fechadas (literalmente), o que aumentou a desconfiança da comunidade. Assim, a empresa contraria a lei (veja artigo 11 do decreto sobre o cadastro dos atingidos) e também seu próprio plano básico ambiental (PBA), que previa reuniões com as comunidades atingidas para informar sobre o cadastro, bem como esclarecer critérios de tratamento aos atingidos.
O bairro, composto por mais de 400 famílias em área alagadiça, havia sido esquecido pela empresa. Após um ano de luta no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), na última quinta-feira (5 de novembro) o Ibama se comprometeu a cobrar o cadastramento como condicionante para dar a licença de operação da barragem. Agora, a empresa corre contra o tempo. Porém, as famílias denunciam que não está claro se todas serão incluídas no cadastro ou apenas as que moram na área de palafitas.
A resposta da Norte Energia à reação dos moradores foi também autoritária. Mandou a polícia e sua equipe particular de segurança pra intimidar os moradores. Nenhum funcionário habilitado para prestar esclarecimentos foi até o local. Os manifestantes, no entanto, se mantiveram firmes e conseguiram marcar uma reunião da empresa com a coordenação do Movimento. Até a reunião, o cadastramento está suspenso. Mediante esse compromisso, os moradores liberaram a rua.
Moradora oferece café para funcionários do cadastramento enquanto rua esteve bloqueada