No dia da Soberania Alimentar, trabalhadores pedem nova forma de produção de alimentos

Movimentos populares e sindicais esperam reunir mais de 5 mil pessoas na Avenida Paulista com a bandeira da soberania alimentar e contra os abusos das indústrias alimentícias, como JBS-Friboi e […]

Movimentos populares e sindicais esperam reunir mais de 5 mil pessoas na Avenida Paulista com a bandeira da soberania alimentar e contra os abusos das indústrias alimentícias, como JBS-Friboi e Brasil Foods.

Foto: Douglas Mansur

No Dia Internacional da Soberania Alimentar (16 de outubro), movimentos de trabalhadores de várias áreas da cadeia produtiva de alimentos estarão nas ruas do principal centro comercial do país: a Avenida Paulista. Segundo os organizadores, mais de 5 mil pessoas são esperadas no ato; a concentração será em frente ao MASP.

Camponeses organizados no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) expõem a necessidade de romper com a lógica agrícola atual, que explora de forma inconsequente os recursos naturais e apresenta inúmeros casos de trabalho com condições análogas à escravidão.

De acordo com o dirigente nacional do MPA, Valter Israel da Silva, o setor da alimentação faz parte da soberania nacional do país. “A produção e distribuição de alimentos fazem parte da soberania de um povo e, por isso, é inegociável, não pode ficar dependente de vontades políticas ou práticas de governos ou empresas”, comenta Silva.

Segundo o dirigente, a área rural está dominada pelo agronegócio, que prioriza a produção de commodities destinadas, em grande parte, à exportação.

Atualmente, no Brasil, os grandes latifundiários detêm mais de 70% das terras e produzem menos de 30% dos alimentos destinados à mesa dos brasileiros, segundo último censo do IBGE realizado sobre este tema em 2006.

PRECARIZAÇÃO NOS FRIGORÍFICOS

As consequências negativas não se restringem apenas aos agricultores. Funcionários da indústria de alimentos também denunciam as más condições trabalhistas dentro das duas maiores empresas do ramo, a JBS-Friboi e Brasil Foods. “Estamos lutando contra as duas maiores empresas do mundo no ramo de carnes, que violam os direitos dos trabalhadores, mas que o consumidor não faz ideia”, explicou o presidente Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, Siderlei Oliveira.

Além disso, os organizadores do ato também pretendem sensibilizar a população paulista sobre a os malefícios deste modelo estabelecido atualmente na cadeia de produção alimentícia. “Precisamos discutir com a população sobre o que está sendo consumido. As comidas que chegam aos supermercados com veneno não alimentam e apenas causam problemas de saúde”, explica Valter Israel da Silva, do MPA.

O PETRÓLEO É NOSSO

Durante o ato político do dia 16, os movimentos também prometem repudiar o Projeto de Lei 131, de autoria do senador José Serra (PSDB /SP), que pretende retirar a exclusividade da Petrobrás na operação do pré-sal.

Para a coordenadora estadual do MAB, Liciane Andrioli, esta mobilização deve ser uma pauta de todas as categorias. “Precisamos entender que esta é uma luta de todos. É urgente a necessidade de unificação de todas as forças para barrar este projeto porque a riqueza do pré-sal pode ser decisiva para o avanço de outras áreas, como a saúde e educação”, aponta. 

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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