Aula Pública denuncia como funciona o BNDES no RJ
Mais de 400 atingidos por barragens vindos de diversos estados brasileiros continuam mobilizados na entrada da sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no centro do Rio de Janeiro. Sempre […]
Publicado 02/10/2015
Mais de 400 atingidos por barragens vindos de diversos estados brasileiros continuam mobilizados na entrada da sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no centro do Rio de Janeiro. Sempre com muita animação, os atingidos continuam a denúncia sobre como atua este banco público brasileiro em favor das grandes empresas dos mais variados ramos, sobretudo do setor energético, ao mesmo tempo em que ignora a situação das milhares de famílias atingidas que tem os seus direitos
violados.
Durante a tarde, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) contribuiu para este debate realizando uma Aula Pública sobre como atua o BNDES. María Helena Rodriguez afirmou que o Banco Nacional é mantido com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e por isto pertence a todos os trabalhadores e deveria estar a serviço de um desenvolvimento com dignidade.
Nós do IBASE estamos na luta há muitos anos para que este banco dê prioridade no financiamento social, com respeito ao meio ambiente e visando o desenvolvimento de toda a população, afirmou. Temos que ensinar a estes executivos como deve funcionar este banco que hoje serve as grandes empresas da mineração, do setor energético, do agronegócio que destroem o meio ambiente e violam direitos, concluiu.
Gerardo Cerdas apresentou diversos dados sobre a atuação do BNDES e as inúmeras contradições desde banco mantido com dinheiro dos trabalhadores. No setor da energia, por exemplo, demonstrou como há um discurso que penaliza a população como a grande consumidora de energia ao mesmo que ela paga as maiores tarifas, mas sabemos que mais de 65% do consumo de energia neste país é feito pelos setores de transportes e indústria enquanto que o consumo residencial não chega a 10%. E é nestes setores que consomem mais e pagam menos que o BNDES dá mais prioridade usando dinheiro do povo, afirmou.
Como forma de contrapor a este cenário, o MAB propõe uma agenda de ações que visa recuperar o diálogo entre as organizações sociais e o BNDES cobrando o seu compromisso com os trabalhadores, especialmente com os atingidos. Guilherme Camponês, membro da coordenação do MAB, apresentou as propostas do Movimento, entre elas a criação de programas de recuperação e desenvolvimento das regiões atingidas, com o objetivo de reparar os prejuízos e recuperá-las e um Comitê Gestor Paritário entre representantes do BNDES e dos atingidos por barragens responsável pela elaboração das propostas e gerenciamento dos recursos.
Algumas ações imediatas podem ser feitas como a destinação de recursos para a construção de 5 mil unidades da Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) e o apoio para realizar ações urgentes de enfrentamento à crise hídrica.
Todas as nossas propostas visam recuperar a dignidade das famílias atingidas e fortalecer a organização popular e a luta pelos direitos. Este banco tem uma dívida muito grande com todos nós e deve pagar, concluiu.
Organizações sociais também na luta por um novo BNDES
Além dos atingidos por barragens, representantes do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e da Federação Única dos Petroleiros (FUP) também participam da mobilização e defendem a unidade das organizações com ações ainda mais fortes para denunciar as práticas do BNDES contra os trabalhadores e as comunidades. Todas as organizações também consideram a defesa da Petrobras uma pauta fundamental e urgente em um momento em que muitos setores querem enfraquecer a empresa responsável por mais de 13% do PIB do Brasil. Tanto para o BNDES quanto para a Petrobrás é preciso ter uma posição propositiva defendendo uma política de investimento que desenvolva toda a população
levando dignidade e conquista de direitos.