Atingidos saem às ruas para exigir do governo o diagnóstico de Sobradinho
Depois de seis meses do lançamento, diagnóstico para medir dívida do Estado com os atingidos ainda não saiu do papel. No último dia 29 de maio, atingidos da região […]
Publicado 03/06/2015
Depois de seis meses do lançamento, diagnóstico para medir dívida do Estado com os atingidos ainda não saiu do papel.
No último dia 29 de maio, atingidos da região de Sobradinho saíram às ruas de Juazeiro (BA) exigir do governo federal a realização da Metodologia para o Diagnóstico Social, Econômico e Cultural dos atingidos por barragens, lançado há mais de seis meses, em Brasília, com a presença do então ministro Gilberto Carvalho e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
A metodologia é uma reivindicação histórica do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e servirá para quantificar e qualificar a dívida social do Estado com as populações atingidas ao longo da história de construção das barragens no Brasil.
Mais uma vez o governo recuou em nossa pauta, não tivemos quase nenhum avanço nos últimos anos e o pouco que conseguimos nos foi tirado. Como ficam os atingidos? Até quando seremos tratados à margem das políticas públicas?, indagou o atingido pela hidrelétrica de Sobradinho, Seu Neto.
Segundo informações da Secretaria Geral da Presidência da República, o recurso empenhado pelo Ministério da Integração Nacional para realizar o Diagnóstico foi retirado devido aos cortes e ajustes do governo federal.
É muito triste ver que esse governo insiste em manter as injustiças desse país, estão penalizando os trabalhadores para beneficiar os ricos. Porque não cobram das empresas por essa crise? Não fomos nós que a criamos, afirmou a militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na região, Marta Rodrigues.
Segundo dados do MAB, com os últimos ajustes na conta de luz o setor elétrico brasileiro lucrará 30 bilhões de reais em 2015, dinheiro que sairá do bolso dos trabalhadores e que não será revertido para resolução dos problemas causados aos atingidos.
Até hoje, não existe um levantamento oficial da quantidade de pessoas que foram expulsas devido à construção de barragens no país. Além disso, não há uma política que garanta o direito dessas populações, que é mais uma reivindicação ainda não atendida pelo governo.
Esperamos que o Ministério da Integração honre com seu compromisso assumido e garanta o recurso necessário ao IPEA para realizar o Diagnóstico. Não se trata de uma questão de boa vontade, mais sim do Estado brasileiro assumir suas responsabilidades diante da sociedade e possibilitar que o passivo histórico de violação dos direitos humanos na construção de barragens seja quantificado, qualificado e pago, explicou Marta.