Cunha arma um golpe e Câmara aprova financiamento privado de campanha

Deputados do PCdoB, PT, Psol e PSB protestaram e acusaram presidente de aplicar golpe, por insistir em votar tema já vencido na noite anterior da Rede Brasil Atual Numa virada […]

Deputados do PCdoB, PT, Psol e PSB protestaram e acusaram presidente de aplicar golpe, por insistir em votar tema já vencido na noite anterior


da Rede Brasil Atual

Numa virada total do que já havido sido aprovado e depois de várias acusações de manobra por parte do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o plenário da Câmara dos Deputados aprovou, no final da noite de ontem (27), a inclusão na Constituição do financiamento privado de campanha para partidos políticos, por 330 votos a favor e 141 contra. Os parlamentares também aprovaram o fim da reeleição para os cargos de presidente, governador e prefeito. A votação, que aconteceu sob clima tenso, foi marcada por protestos das bancadas do PT, PCdoB, Psol e PSB, que não aceitaram o fato de Cunha ter colocado outra vez em apreciação emendas sobre um tema que já tinha sido votado e derrotado na sessão da noite anterior.

A retomada da votação sobre financiamento de campanha se deu devido a uma estratégia do presidente, que resolveu fatiar a discussão do tema em três itens diferentes. Com a apresentação do texto diretamente no plenário, foram apresentadas quatro emendas, uma que permitia financiamento público e privado ao mesmo tempo (já rejeitada na sessão anterior), e outras três que tratavam de: financiamento privado apenas para partidos– e não para diretamente para os candidatos –, financiamento público e privado para partidos e financiamento exclusivamente público.

Cunha argumentou que, regimentalmente, era necessário votar todas as emendas. Segundo o líder do PT, deputado Sibá Machado (AC), que não concordou com a nova votação, “regimentalmente ele pode até estar certo, mas o que se trata é de quebra de um acordo”.

“Nós do PT acertamos um procedimento de votação durante a reunião de líderes e o cumprimos rigorosamente. A emenda 22, votada na sessão anterior, englobou todos os termos do financiamento e não nos cabe votar nada mais sobre isso aqui”, destacou Machado. “O plenário não pode voltar a deliberar. A nova votação traz insegurança para os parlamentares”, contestou também o deputado Glauber Braga (PSB-RJ).

A justificativa de que Cunha estava certo partiu do líder do PMDB (Leonardo Picciani (RJ) e também do autor da emenda que acabou aprovada, o deputado Celso Russomanno (PRB-SP). “O texto que perdeu autorizava doações de empresas a candidatos e partidos, enquanto o aprovado nesta quarta-feira permite as doações empresariais apenas aos partidos. Há uma diferença substancial no mérito”, argumentou Leonardo Picciani.

“Os deputados derrotaram o texto na sessão anterior por não concordar com doações de empresas diretamente a candidatos. Muitos achavam que não estava certo o financiamento direto, que ele cria compromisso do candidato com a empresa, o que não é claro”, acrescentou Russomanno.

Para o deputado Wadih Damous (PT-RJ), que já presidiu a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro, “a democracia brasileira sofreu um golpe”. “O presidente da Casa, que não aceita resultado contrário à sua vontade, em esdrúxula interpretação do regimento interno, pôs para votar novamente o financiamento empresarial das campanhas. Em menos de 24 horas, diversos deputados ‘mudaram’ de ideia. Isso significa enlamear a Constituição. E enfiar a marmelada goela abaixo do povo brasileiro”, reclamou, após o resultado. Na prática, 76 parlamentares mudaram seu voto a favor do financiamento de campanhas por empresas.

“A contribuição empresarial de campanhas já foi votada e rejeitada por este plenário. Vocês têm que aceitar essa derrota e seguir adiante com os outros temas. Chega de golpe”, criticou a deputada Maria do Rosário Nunes (PT-RS).

Com a inclusão na Constituição da permissão para doação de empresas a partidos políticos, os deputados impedem que esse modelo de financiamento seja considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – onde tramita uma ação que avalia este tema e sobre a qual seis ministros do tribunal já se posicionaram contra tal modelo de financiamento. A ação foi impetrada pela OAB e há mais de um ano está parada por conta de um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 27/05/2015

Os privilegiados da Sabesp