Camponesas ocupam fábrica de agrotóxicos no Rio Grande do Sul
A multinacional israelense Adama é uma das maiores empresas de agroquímicos do Sul do país, incluindo um dos componentes do agente laranja. da Página do MST Na manhã desta terça-feira […]
Publicado 10/03/2015
A multinacional israelense Adama é uma das maiores empresas de agroquímicos do Sul do país, incluindo um dos componentes do agente laranja.
da Página do MST
Na manhã desta terça-feira (10), cerca de 800 mulheres camponesas do MST e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ocupam a sede da multinacional israelense Adama, em Taquari, no Rio Grande do Sul.
A mobilização faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas da Via Campesina em defesa da soberania alimentar, contra a violência e o modelo do agronegócio na agricultura, considerado pelos movimentos prejudicial à vida das mulheres camponesas. Ao longo desta segunda-feira (9), mais de 15.000 mulheres participaram das ações em 15 estados brasileiros, com marchas, ocupações e trancamento de rodovias.
Em contraponto ao agronegócio que não produz alimentos, destrói a biodiversidade e contamina os alimentos, com o uso intensivo de agrotóxicos, defendemos a agricultura camponesa para a produção de alimentos saudáveis, sem venenos e a preservação da vida das camponesas e camponeses, denuncia a dirigente estadual do setor de gênero do MST, Arlete Bulcão.
A multinacional Adama é uma das maiores empresas de agroquímicos do Sul do país, na produção de princípios ativos de agrotóxicos para sementes, incluindo o veneno 2,4-D, que estava proibido no Brasil por ser cancerígeno. O 2,4D é um dos principais componentes do agente laranja, usado como arma química no Vietnã.
As camponesas denunciam o uso intensivo de agrotóxicos pelo agronegócio, que transformou o Brasil hoje no maior consumidor de venenos do mundo, com mais de um bilhão de litros despejados nas terras e águas brasileiras. Denunciam ainda o envenenamento dos alimentos consumidos pela população e, conforme pesquisas da Fiocruz, causa doenças como depressão, má formação em fetos, câncer e infertilidade.
As ações das mulheres do campo e da cidade também reivindicam a Reforma Agrária Popular, com o assentamento de todas as 120 mil famílias acampadas no país, o fim da violência contra a mulher e a criação de políticas públicas para as mulheres do Rio Grande do Sul.
Segundo os dados da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, criada pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, entre as mulheres do campo e da floresta, 93,7% afirmaram ter sofrido violência doméstica e familiar. O que mostra como o cotidiano das mulheres é marcado pela violência, explica a dirigente estadual do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Adriana Mezadre.
As pesquisas também apontam que as mulheres camponesas têm mais dificuldade de acesso para fazer as denuncias. Nesse sentido, a Via Campesina vem desenvolvendo uma campanha de combate à Violência contra as Mulheres Camponesas para romper com a opressão.
Programação: Jornada das Mulheres do campo e cidade
Paralelo à ação na multinacional, a partir das 11h, 300 mulheres de movimentos do campo e da cidade realizam um ato público na Praça Matriz de Porto Alegre, em denuncia à violência contra as mulheres e cobrança a implementação da Lei do Feminicídio, sancionada ontem pela presidenta Dilma Rousseff. Em seguida, por volta das 13h30, as mulheres também participam de uma Audiência Pública para denunciar o uso de agrotóxicos e a violência contra a mulher, na Assembleia Legislativa.
A Lei do Feminicídio prevê penas que podem variar de 12 a 30 anos de prisão e torna mais dura a pena de homicídios cometidos contra mulheres por motivo de discriminação de gênero ou violência doméstica.
A partir das 9h, dezenas de trabalhadoras desempregadas do MTD de Eldorado do Sul também realizam uma caminhada no centro da cidade para denunciar a falta de creche e de educação infantil para os filhos e filhas de trabalhadores, e reivindicar a implementação de políticas públicas para as mulheres do município.