Atingidos pressionam e Norte Energia admite cadastrar mais famílias
O cadastro socioeconômico é o primeiro passo para ser reconhecido como atingido pela Norte Energia; porém a empresa excluiu muitas famílias desse direito Após muita pressão popular, a Norte Energia […]
Publicado 08/11/2014
O cadastro socioeconômico é o primeiro passo para ser reconhecido como atingido pela Norte Energia; porém a empresa excluiu muitas famílias desse direito
Após muita pressão popular, a Norte Energia admitiu reabrir o cadastramento dos atingidos por Belo Monte na cidade de Altamira. De acordo com o gerente de realocação urbana da empresa, Amauri Daros, a empresa inicia nessa sexta-feira o cadastramento do que chamou de novas ocupações áreas abaixo da cota 100 (onde alagará) e que nunca foram cadastradas.
O cadastro é primeiro passo para a garantia dos direitos, pois significa que oa família atingida é reconhecida como tal. Essa medida é uma conquista da organização e da luta dos atingidos, que já vinham denunciando que a empresa não reconhece o direito de muitas famílias moradoras da área prevista para o futuro lago da hidrelétrica.
Através da organização no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), foi feito um processo de lutas por direitos, incluindo ocupação do reassentamento urbano, trancamento da via de acesso aos canteiros da obra, passeatas e dezenas de reuniões desde o início desse ano. Mesmo assim, a empresa vinha se negando sequer a considerar fazer novos cadastros, afirmando que a prioridade são as negociações dos já cadastrados.
Até agora, foram cadastradas 7.790 famílias na área urbana de Altamira, das quais apenas 3.980 terão direito a uma casa nos novos loteamentos, as demais deverão se contentar com indenizações, que são cada vez mais baixas. O MAB calcula que mais de 10,7 mil pessoas estão de fora do cadastro.
Motivos para seguir lutando
A reabertura do cadastro é um passo importante, porém só ela não garante aquilo que para nós é o justo: o direito ao reassentamento para todos os atingidos, afirmou Carla de Oliveira, atingida e militante do MAB.
Para o MAB, ainda será necessário garantir o cadastramento das famílias nas áreas de ocupação mais antiga, como os bairros Boa Esperança e Invasão dos Padres, garantir que todos tenham o direito a uma casa no reassentamento e não apenas migalhas de indenizações, além de garantir a agilidade nas mudanças para o reassentamento, pois já se aproxima o inverno e o rio Xingu está subindo.
Ainda é necessário lutar para garantir a qualidade do reassentamento urbano, pois, com menos de 1/4 das casas já ocupadas, ele já está apresentando muitos problemas: atualmente o reassentamento mal pode ser chamado assim, pois as casas já apresentam rachadura e infiltração, a iluminação é precária, não há equipamentos públicos e já foram registradas até explosão de fossas.
A declaração da Norte Energia aconteceu em reunião com o MAB nessa sexta-feira (7 de novembro) na Casa de Governo (ligada ao Governo Federal) em Altamira.