Marcha pela Paz denuncia violação de direitos por Belo Monte

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou nesta quinta-feira (4 de setembro) a “Marcha pela Paz em Altamira: um grito por soberania”. A atividade, que percorreu as ruas da […]

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou nesta quinta-feira (4 de setembro) a “Marcha pela Paz em Altamira: um grito por soberania”. A atividade, que percorreu as ruas da principal cidade atingida pela hidrelétrica de Belo Monte, teve o intuito de denunciar as violações de direitos ocorridas na região devido à construção da barragem, que já se encontra mais da metade concluída.

Estiveram na atividade os participantes dos grupos de base do MAB em Altamira, além de carroceiros, oleiros, professores, estudantes e integrantes das igrejas católica e evangélica. A marcha faz parte da Semana da Pátria e integra o calendário nacional de atividades do Grito dos Excluídos e do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.

Após a caminhada, aconteceu uma audiência pública no La Salle, onde estiveram presentes representantes da prefeitura e da câmara dos vereadores e do governo federal para ouvir os problemas relatados pelos movimentos sociais. João Pimentel, diretor socioambiental da Norte Energia, havia confirmado presença, no entanto não compareceu porque teria sido demitido na noite anterior, segundo informações.

Na audiência, os representantes dos movimentos expuseram os principais problemas vivenciados em Altamira com a construção de Belo Monte. Uma das questões abordadas foi sobre os direitos trabalhistas de categorias não reconhecidas pela Norte Energia como atingidas, como os oleiros e os carroceiros.

“Toda a região é atingida por barragem de alguma forma e com a nossa categoria não é diferente, além da moradia e da segurança, um ponto principal que é nosso trabalho. A Norte Energia diz que serão indenizados só os proprietários das olarias, não reconhece os trabalhadores. A nossa categoria está unida para dizer que quer os direitos de todos envolvidos na produção de tijolo artesanal”, afirmou Brás, diretor do Sindicato dos Oleiros de Altamira.

“Desde que a Norte Energia chegou aqui estamos sofrendo. Em 2011, fazíamos 7, 8 fretes por dia, hoje é 1 ou 2. O trânsito atrapalha, os motoristas nos agridem. E não somos reconhecidos como atingidos”, denunciou Naldo, presidente do Sindicato dos Carroceiros.

A violência, que aumentou com Belo Monte, também teve destaque. “Entendemos que o problema da violência é uma questão social, é falta de investimento em educação, saúde, saneamento básico, tudo isso nos leva a esse caos. Quando uma mãe gera um filho sem acesso a educação, saúde, ele já nasce com todos os direitos violados. O que a gente espera dessa criança?”, questionou Lindomar Maués, do Conselho de Segurança.

Outros temas como o preço e a qualidade da energia elétrica, a saúde, a educação e a moradia foram abordados pelos presentes. Na próxima semana, as entidades participantes da audiência deverão elaborar um documento relatando as denúncias e propondo formas de garantir os direitos coletivamente.

Espionagem

Durante a audiência, os participantes notaram a presença de dois integrantes da Força Nacional à paisana. A atitude foi denunciada por Iury Paulino, do MAB: “Tem coisa que deixa a gente indignado, porque tem dois policiais da Força Nacional aqui gravando, tirando foto. A Norte Energia e o governo federal deviam priorizar atender a nossa pauta e não fazer perseguição política aos trabalhadores”. Durante a fala do militante, os dois policiais se retiraram. 

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