MULHERES DO MAB INICIAM PROCESSO DE FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E LUTA EM RONDÔNIA

Mulheres do MAB de Rondônia debatem sobre a sociedade capitalista e patriarcal, o modelo energético e a violação dos direitos das mulheres, a violência contra as mulheres e os desafios […]

Mulheres do MAB de Rondônia debatem sobre a sociedade capitalista e patriarcal, o modelo energético e a violação dos direitos das mulheres, a violência contra as mulheres e os desafios do movimento para fortalecer a organização e a luta das mulheres.


Nos dias 15 e 16 de abril de 2014, 30 mulheres coordenadoras do MAB das regiões atingidas das usinas de Jirau, Santo Antônio no rio Madeira e Samuel, no rio Jamari, se reuniram no Encontro Estadual das Mulheres do MAB.

Estiveram presentes companheiras do SINDUR (Sindicato dos Urbanitários do Estado de Rondônia), da Via Campesina e do Comitê Estadual do Plebiscito Popular por uma Constituinte Soberana e Exclusiva.

Durante o Encontro as mulheres estudaram e debateram sobre o modelo energético e a violação dos direitos das mulheres na construção de barragens e sobre a importância de se organizarem como mulheres atingidas.

“Depois da chegada das barragens, a criminalidade, o consumo de drogas, a violência contra as mulheres, o abuso de crianças, a desestruturação das famílias atingidas surgiram e aumentaram a cada ano da construção e não vemos nenhuma medida da prefeitura e muito menos das empresas construtoras”, diz Manuela Gustavo Nunes, coordenadora dos grupos de base do reassentamento Santa Rita.

“ Não temos direito à tomar decisões. Quando as empresas chegam nossa família e nossa comunidade é desestruturada, nossa produção e nosso trabalho são desvalorizados, não temos direito de escolher onde viveremos. (…) No movimento, temos uma força maior para reivindicar nossos direitos”, relata Pedrina Bastos, coordenadora dos grupos de base do reassentamento Morrinhos.

Márcia Moreira, do Sindicato dos Urbanitários, relacionou o setor elétrico, um setor estratégico, com a luta das trabalhadoras e trabalhadores na construção de um projeto energético popular e a proposta da Plataforma Operária e Camponesa para a Energia que fortalece a unidade entre movimentos e entidades do campo e da cidade nas reivindicações da classe trabalhadora, construindo planos de lutas conjuntas.

Companheiras da Via Campesina apresentaram a Campanha Internacional de Luta contra a Violência contra as Mulheres e debateram sobre a importância das mulheres se conscientizarem  sobre as formas de violência que as mulheres sofrem no dia-a-dia, na família, com amigos, companheiros ou maridos.

 Foram reafirmados compromissos do Encontro Nacional das Mulheres do MAB, a construção do Plebiscito Popular por uma Constituinte Soberana e Exclusiva nos municípios de Rondônia, além de proporem ações e planejamentos dos próximos passos do movimento nas regiões.

As mulheres agora se organizam para realizar encontros em outras regiões. O primeiro encontro aconteceu na véspera do dia das mães, em Itapuã do Oeste, município que surgiu com a construção da barragem de Samuel há mais de 25 anos e que ainda sofre com os impactos da barragem. Cerca de 50 mulheres participaram do encontro que trouxe o debate sobre a divisão sexual do trabalho na atual sociedade capitalista e patriarcal, a violência contra a mulher e a luta das mulheres atingidas por barragens no Brasil.

Discutiram sobre a importância de construir o espaço da Ciranda no Movimento, no qual as crianças atingidas por barragens também são consideradas parte do movimento e da luta. Educadores/as contribuem para que as crianças “atingidinhas” se divirtam e sejam estimuladas a debater a conjuntura do local onde vivem.

Além de permitir que os adultos possam participar do estudo e do debate, a Ciranda é uma busca do movimento para que o cuidado e a educação das crianças sejam uma tarefa coletiva, de homens e mulheres e não apenas das mulheres e das mães. Em Itapuã do Oeste, há muitos meninos e meninas no movimento e mais um desafio é desenvolver o coletivo da Ciranda.

No encontro, evidenciou-se a necessidade de mais estudos sobre as formas de violência e sobre como as mulheres podem se fortalecer agindo coletivamente contra as diversas formas de violência que sofrem. 

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