Nota de pesar pelo falecimento do Cacique Paiaré
É com muita tristeza que informamos o falecimento do Cacique, líder indígena, defensor do povo indígena, Paiaré. Faleceu no último sábado, dia 30 de março. Paiaré, como era conhecido por […]
Publicado 01/04/2014
É com muita tristeza que informamos o falecimento do Cacique, líder indígena, defensor do povo indígena, Paiaré. Faleceu no último sábado, dia 30 de março.
Paiaré, como era conhecido por toda a aldeia e movimentos sociais, foi um dos grandes lutadores desde a época da construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, quando ajudou a defender os indígenas dos Gaviões da Montanha, contra a ditadura na construção dessa usina. Trazia consigo as marcas dessa opressão que viveram na época, mas nada o calou. Expulsos de suas terras, foram remanejados para Marabá, onde continuaram suas lutas. Mas os grandes projetos nunca os deixaram em paz… Depois vieram os trilhos da Vale, os linhões da Eletronorte e uma rodovia para rasgar ao meio as terras indígenas…
Paiaré sempre lutou em defesa do seu povo. Homem místico, espírito de liderança, forte e aguerrido, nunca perdeu as esperanças da luta, sempre animado e ciente do que deveria ser feito. Um dos seus últimos projetos, audacioso e de certa forma corajoso, foi o de reconstruir uma nova aldeia dentro da área onde moravam, pois queria trazer de volta os velhos costumes, culturas e valores indígenas, que na avaliação dele, estavam se perdendo com a entrada de uma nova cultura (hegemônica) dentro da sua aldeia. E assim o fez… Morreu reconstruindo esse sonho e que vai ter continuidade, pois Paiaré não morre, deixa um legado inquestionável, digno de um verdadeiro lutador do povo.
Nós do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) nos solidarizamos com toda a família, com a causa indígena e queremos prestar nossa tristeza nesse momento tão difícil. Mas sua luta continua, seu legado fica e seus exemplos vão continuar nos servindo de força para continuar essa luta.
Obrigado Paiaré por tudo…. e que tenhamos coragem em continuar essa luta. A todos os lutadores, nenhum minuto de silêncio, mas uma vida toda de lutas.
OBS: No filme “Tucuruí, a saga de um povo” aparece dando um depoimento e cantando uma canção em língua indígena: