O povo brasileiro precisa dos médicos cubanos

Por: Bruno Pedralva – médico e militante da Consulta Popular   A saúde é um dos problemas mais graves que o povo brasileiro enfrenta. E a falta de médicos é […]

Médicos Cubanos bannerPor: Bruno Pedralva – médico e militante da Consulta Popular

 

A saúde é um dos problemas mais graves que o povo brasileiro enfrenta. E a falta de médicos é parte desses problemas.

Os movimentos sociais do campo que compõe a Via Campesina e os movimentos sindicais e populares urbanos apoiam a vinda dos médicos cubanos. O Brasil possui um déficit de médicos, principalmente nos bairros mais pobres e nas pequenas cidades do interior.

Em função das grandes manifestações do povo brasileiro, na saúde, a presidenta Dilma propôs o Programa “Mais Médicos”, gerando uma ampla reação conservadora, em especial de setores da categoria médica, contrárias a vinda de médicos estrangeiros.

O programa “Mais Médicos” contribuirá para atenuar os problemas de atendimento médico à população. Acolheremos com respeito estes profissionais que vierem cuidar dos brasileiros. Os trabalhadores e as populações mais pobres precisam da ajuda e solidariedade dos médicos cubanos.

Faltam médicos no Brasil

A falta de médicos é grave no campo, nos pequenos municípios e na periferia das grandes cidades. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem um déficit de 160 mil médicos. Mesmo assim, a categoria médica tenta impedir que médicos de outros países venham ajudar a resolver estes problemas.

O Brasil possui cerca de 388 mil médicos, a maioria está concentrada na região sul e sudeste, atendendo preferencialmente em clínicas particulares.

Nos serviços de saúde as condições de trabalho são inadequadas, fruto de políticas econômicas que privilegiam os setores empresariais, a indústria farmacêutica e a medicina privada, concentrada nos grandes centros, onde o povo é obrigado a pagar tudo.

Lutar pela melhoria destes serviços por um sistema público de saúde e de qualidade e por um Plano de Cargos Único dos Trabalhadores do SUS é uma bandeira de todos que lutam seriamente pela saúde.

Porém, não é verdade que todas as unidades que hoje se encontram sem médicos estão assim por faltar estrutura. É o caso, por exemplo, do Posto de Saúde da Vila Cemig, em Belo Horizonte. Na Vila Cemig nenhuma das Equipes do Programa Saúde da Família tem médico, mesmo com um Posto de Saúde novo e com salários em torno de 10 mil reais.

A luta por uma mudança profunda e estrutural no SUS não nega a urgência de se resolver a falta de médicos capacitados para a Atenção Primária e para o SUS. Para isso poucos países preparam tão bem os seus profissionais como Cuba.

Em Cuba, 95% da saúde é pública

Dados da organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que no Brasil de todos os gastos em saúde, cerca de 54,3% é custeado pelas próprias pessoas. Já em Cuba, 95% é pago pelo sistema público em todos os níveis de especialização.

Atualmente, cerca de 40 mil profissionais de saúde cubanos estão espalhados em mais de 60 países pelo mundo, cuidando de pessoas em realidades completamente diferentes e na ilha existem mais 72,5 mil médicos, 36 mil deles atuam na atenção primária e 26 mil são especialistas em medicina geral e integral. A especialidade equivalente no Brasil, chamada medicina de família e comunidade, conta com apenas 1,5 mil especialistas. Pelos dados da OMS, Cuba possui 6,72 médicos para cada 1.000 habitantes e a Espanha 3,92. A média brasileira é de 1,76 e estados como o Maranhão tem uma média de 0,71 médicos a cada mil habitantes. Esses dados apontam o grande déficit na área de profissionais em nosso país.

A reação preconceituosa de alguns médicos e algumas entidades profissionais contra os médicos cubanos envergonha os brasileiros. Isso revela maior preocupação com os salários do que com as necessidades de saúde da população. A verdade é que os Conselhos de Medicina e as Associações Médicas, ao longo de sua história, apoiam a medicina privada, que priorizam os consultórios particulares.

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