Protesto contra transnacionais criminosas reúne 2 mil em SP
Por Luiz Felipe Albuquerque, da Página do MST Cerca de 2 mil pessoas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e jovens do Levante Popular da Juventude fizeram uma manifestação […]
Publicado 04/09/2013
Por Luiz Felipe Albuquerque, da Página do MST
Cerca de 2 mil pessoas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e jovens do Levante Popular da Juventude fizeram uma manifestação em frente às sedes das empresas Siemens e Alstom, na Marginal Tietê, na região da Lapa, em São Paulo, na manhã desta quarta-feira (4).
Denúncias apontam que essas empresas montaram um esquema de corrupção para fraudar licitações das obras, reformas e fornecimento de equipamentos para o sistema de metrô e trens em São Paulo.
No esquema, que ficou conhecido como propinoduto tucano, as empresas combinavam os resultados das disputas e, com a intermediação de políticos do PSDB, elevavam os preços dos serviços, aumentando os gastos do Estado para lavar dinheiro que era repassado aos tucanos.
As empresas corruptoras na obras de metrô e barragens têm nomes: Alstom e Siemens. Essas empresas se sustentam em um modelo corrupto. Os recursos públicos desviados devem ser voltados para melhorar o transporte público do povo, disse Robson Formica, dirigente do MAB.
Já o dirigente do Levante Popular da Juventude, Thiago Pará Wender, disse que é preciso fazer um acerto de contas com as empresas corruptoras, que sempre ficam invisíveis nos escândalos de corrupção. A Siemens e a Alstom precisam ser investigas e punidas, além dos políticos do PSDB. Não podemos admitir que a população sofra todo dia com a falta de qualidade e abrangência do sistema de transporte público, enquanto empresas estrangeiras desviam recursos.
Os manifestantes fizeram uma marcha pela Marginal Tietê e realizaram intervenções em frente às empresas. Não é mole não, a tucana é só corrupção, cantavam os jovens durante o protesto. Foi feita uma pichação em frente à sede do grupo francês Alstom denunciando que é uma “empresa corruptora”.
Os jovens rebatizaram a rua Werner Siemens com o nome de Rua 12 de Janeiro de 2007, data do desmoronamento do canteiro de obras da expansão do Metrô de São Paulo na Linha Amarela, que deixou dezenas de feridos às margens da Marginal Pinheiros. Em frente à sede da Siemens, houve também uma homenagem aos sete mortos no desmoronamento. O nome de cada um deles foi saudado pelos manifestantes e foi colocada uma cruz para cada um deles em frente da empresa alemã.
Essas empresas eram responsáveis pelas obras na Linha Amarela e têm culpa na morte desses trabalhadores, que são símbolos da falta de respeito com o povo brasileiro. É preciso fazer justiça. Enquanto não houver justiça, haverá escracho popular, prometeu Pará.
Cartel da energia
O MAB denunciou que a Alstom e a Siemens, que também atuam na área da energia, também estão presentes nas obras de construção de barragens, em especial no fornecimento de equipamentos e turbinas. A carta de um ex-executivo da multinacional que levou as investigações sobre irregularidades cometidas pela empresa no sistema metroferroviário, também cita práticas ilícitas no setor de energia.
As investigações de violações da competição no setor energético estão sendo conduzidas pelo Cade. A Alstom, por exemplo, fornece turbinas para Belo Monte e assinou com a Norte Energia um contrato de R$3,5 bilhões. A empresa já forneceu mais de 100 turbinas e geradores para hidrelétricas no Brasil.
Diante desse fato, Formica alertou que “essas empresas são violadoras dos direitos dos povos atingidos, e que vão denunciar e cobrar dessas empresas tudo o que elas causam a essa população. Elas jamais vão estar interessadas e comprometidas em resolver os interesses do povo brasileiro”.