No Pará, pesquisa para a barragem motiva protesto dos Munduruku
O povo indígena Munduruku realiza neste sábado (22) na cidade de Jacareacanga, oeste do Pará, um protesto contra a invasão de suas terras para a pesquisa de viabilidade da Usina […]
Publicado 23/06/2013
O povo indígena Munduruku realiza neste sábado (22) na cidade de Jacareacanga, oeste do Pará, um protesto contra a invasão de suas terras para a pesquisa de viabilidade da Usina Hidrelétrica de Jatobá. Na noite de ontem, cerca de 25 pesquisadores da empresa Concremat, que presta serviços para o Consórcio Grupo de Estudos Tapajós, foram surpreendidos coletando informações sobre a fauna e a flora da região para os Estudos de Impactos Ambiental (EIA) da barragem. Deste grupo, três pessoas foram levadas para a praça da cidade para que fosse feita a denúncia da invasão das terras Munduruku.
Em nota divulgada nesta manhã, os indígenas denunciam que o grupo de pesquisadores estava ilegalmente em suas terras e que em outras conversas já tinham deixado claro para o governo que não iriam deixar entrar nenhum pesquisador em seus territórios. Nós vamos liberar pacificamente este grupo, mas alertamos que não toleraremos mais essa postura por parte do Governo Federal dos empreendedores que querem construir barragens, afirma o manifesto.
Os Mundurukus também esperam que não haja mais violência por parte do Estado. Hoje um avião da Força Aérea Brasileira pousou na cidade, o que está amedrontando toda a população. Os Mundurukus temem que hajam episódios como o ocorrido na ação da Policia Federal no ano passado em que um indígena da Aldeia Teles Pires foi morto. Esperamos que esses militares não tenham vindo para nos atacar, mas sim para defender o nosso direito pela nossa terra, a lei e a Constituição. Porque quem está errado é o governo. Nós estamos certos, sentenciam
Pela suspensão dos estudos e pesquisas para as barragens
Assim como nas manifestações feitas nas últimas semanas pelo povo Munduruku, também hoje eles exigem a suspensão dos estudos e pesquisas relacionados às barragens nos rios Tapajós e Teles Pires entendendo que este é um dos passos importantes para a viabilização das barragens na qual são contra lutando por seus territórios e pela soberania dos povos sob nossos bens naturais.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) é solidário a luta dos Mundurukus entendendo que a construção do Complexo Tapajós é mais um dos grandes projetos previstos para esta porção da Amazônia brasileira, a mais preservada do Brasil, que visa produzir lucros extraordinários para grandes empresas internacionais enquanto o povo do campo e da cidade está mergulhado na pobreza, no caos, na violência e na completa violação dos direitos humanos.
Defendemos a imediata participação da população urbana e rural em todas as fases de discussões para as instalações de barragens nesta região, incluindo a regulamentação da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) permitindo a consulta previa aos povos tradicionais que serão atingidos por estes projetos.
Em tempos de mudança de consciência, onde o povo toma as ruas do país para reivindicar uma nova sociedade com mais direitos, também nós estamos em defesa de um Projeto Energético Popular que coloque nossos bens naturais a serviço do povo, cobrando tarifas justos pela energia, respeitando os direitos dos atingidos e fortalecendo a soberania dos povos sobre seus territórios. E neste momento exigimos da Aneel e dos governos a revogação dos aumentos da tarifa energia, como está prevista no estado do Paraná e outros, e também a suspensão das demissões dos trabalhadores do setor elétrico.