Atingidos por Belo Monte conquistam políticas públicas

A iluminação pública já está sendo implementada e o material para construção das pontes deverá ser entregue até sexta-feira (5). A ação é para garantir a sobrevivência nas áreas alagadas, […]

A iluminação pública já está sendo implementada e o material para construção das pontes deverá ser entregue até sexta-feira (5). A ação é para garantir a sobrevivência nas áreas alagadas, que não podem ser abandonadas só porque são atingidas por Belo Monte

Com muita mobilização, os moradores das áreas alagadas de Altamira conseguiram trazer a Secretaria de Ação Social para pisar nas ruas lamacentas e enxergar os problemas que estão enfrentando durante a época chuvosa. A reunião com Rute Barros, titular da pasta e primeira-dama do município, aconteceu na noite de ontem (2) na casa de uma das moradoras do bairro Boa Esperança e reuniu 50 pessoas, apesar da chuva que caía e alagou os acessos ao local.

Na reunião, os moradores elencaram os principais problemas que afligem o bairro e denunciaram que estão esquecidos pelo poder público. “Essa é uma estratégia da prefeitura, articulada com a Norte Energia (dona de Belo Monte), de abandonar as áreas que serão atingidas pela barragem para forçar os moradores a sair ‘espontaneamente’, sem resistência”, denunciou Claret, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), citando a experiência de outros lugares atingidos do país.

Os moradores citaram, como demandas emergenciais: a construção de pontes entre as casas (pois muitas já estão cercadas pela água), o atendimento médico a moradores que estão acamados e não conseguem sair de casa, a coleta de lixo e a entrega de cestas básicas. Além disso, reafirmaram a necessidade de continuar a implantação da iluminação pública, que teve início na tarde de ontem, devido à luta dos moradores.

“A luz foi conseguida com esforço, porque nós nos deslocamos das nossas casas e fomos até a secretaria. Nós nos unimos e isso foi uma vitória para nós. Mas nós queremos mais e vamos continuar lutando pelos nossos direitos”, afirmou Nalda, uma das moradoras e militante do MAB.

A médio prazo os moradores pediram a garantia das políticas públicas a que tem direito, incluindo o aterro do bairro, o acesso à água limpa e à saúde, mais vagas nas creches e equipamentos de lazer e cultura. A longo prazo, exigem um reassentamento digno, que proporcione melhoras nas condições de vida, e criticam a proposta da Norte Energia, que pretende realoca-los em loteamentos distantes do centro da cidade e em casas pré-moldadas (de “placas”), de baixa qualidade.

Após ouvir as demandas, a secretária Rute Barros se comprometeu a entregar, até sexta-feira (5), os materiais para construção emergencial das pontes. Também se comprometeu a, em um prazo de dez dias, articular uma reunião com as demais secretarias do município que respondem pelo restante da pauta dos atingidos.

Esta reunião foi conseguida após um processo de luta, que passou pelo 14 de Março, dia Internacional de Luta dos Atingidos por Barragens, e pela entrega da pauta emergencial à prefeitura. Com muita persistência, e após passarem o dia “de plantão” em frente à secretaria, os atingidos conseguiram que fosse marcada a reunião.

Creches

Enquanto isso, o prefeito de Altamira, Domingos Juvenil, está sendo alvo de uma ação do Ministério Público devido à falta de vagas nas creches e escolas infantis do município. De acordo com o MP, a prefeitura vem descumprindo as leis orçamentárias com relação à construção e ampliação da rede de educação infantil.

O problema é agravado pelo grande fluxo migratório dos últimos anos, causado pela construção de Belo Monte. No prazo de 30 dias, a prefeitura terá que comprovar o cumprimento da medida.

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| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

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