Força Nacional de Segurança vai ao Pará acompanhar estudos para barragens no Tapajós
Um efetivo da Força Nacional chegou à região de Itatuba, no rio Tapajós, sob pretexto de combater o garimpo ilegal. Os movimentos sociais denunciam, no entanto, que se trata de […]
Publicado 26/03/2013
Um efetivo da Força Nacional chegou à região de Itatuba, no rio Tapajós, sob pretexto de combater o garimpo ilegal. Os movimentos sociais denunciam, no entanto, que se trata de uma ação para garantir os estudos para as barragens no rio Tapajós, em especial nas terras indígenas, violando os direitos dessas populações e de todos os atingidos, que denunciam esse método autoritário. Leia, a seguir notas de denúncia do MAB e do povo Munduruku:
“Cerca de 80 integrantes da Força Nacional de Segurança desembarcaram de um avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) no final da tarde deste domingo (24) no aeroporto de Itaituba, oeste do Pará. Feito de forma sigilosa, a chegada à cidade surpreendeu toda a população.
As notícias veiculadas ontem (25) na região afirmam que a Força Nacional veio para uma operação de combate ao garimpo ilegal no rio Tapajós. Porém, segundo informações levantadas, o real motivo da presença militar é dar segurança as equipes que estão fazendo estudos para as barragens previstas na região, sobretudo a usina hidrelétrica São Luiz Tapajós.
O MAB repudia a atuação do Estado brasileiro, que no processo de licenciamento do Complexo Tapajós, ao invés de abrir um canal de diálogo com o conjunto da sociedade para discutir os reais impactos sociais e ambientais das barragens, coloca a força militar para intimidar a população.
É necessário que haja transparência sobre este projeto para que as famílias ameaçadas não sejam novamente violentadas no seu direito à informação. É preciso que o governo seja claro sobre a situação dos povos indígenas ameaçados, além de dizer para quê e para quem será a energia que querem produzir nestas águas.
Portanto, contamos com uma atitude de respeito do governo federal com a população e que este dialogue de forma honesta, sem truculência e intimidação, comuns aos que defendem os interesses de grandes empresas.
Afirmamos que continuaremos no processo de organização popular buscando envolver toda a população do campo e da cidade em um processo de debate público contra a construção de grandes empreendimentos que, nós sabemos, não está serviço do povo brasileiro.
Queremos, por fim, chamar os trabalhadores a construir alternativas de desenvolvimento que tragam dignidade para o povo e não destruição da natureza e multiplicação da pobreza. Assim, prosseguiremos contra todas as formas de intimidação que possam surgir porque a segurança de nossa luta está nas mãos do povo organizado.
Itaituba (Pará), 25 de março de 2013
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB – Brasil)”
“CARTA DO POVO MUNDURUKU
Nós! Caciques, lideranças e guerreiros do povo Munduruku sempre lutamos e continuaremos lutando em defesa de nossas florestas, nossos rios, e de nosso território pois é de nossa mãe natureza que tiramos tudo que precisamos para sobreviver, mas o governo que devia nos proteger, vem mandando seu exército assassino para nos ameaçar e invadir nossas aldeias, ultimamente nosso povo vem sendo desrespeitado vem sendo, ameaçado por um governo ditador que vem ameaçando e matando nosso povo, usando suas forças armadas como se os povos indígenas fossem terroristas ou bandidos.
Nós, povo Munduruku, repudiamos essa maneira ditadora da presidenta que governa o País. Não aceitamos que policias entrem em nossas terras sem a nossa autorização para qualquer tipo de operação. É um povo especial! Um povo que já existia muito antes deles chegarem aqui, nessa terra onde chamam de Brasil. Brasil é a nossa terra! Somos nós os verdadeiros brasileiros.
Essa semana o governo brasileiro mandou 250 policiais para garantir a força os estudos das hidrelétricas nas nossas terras.
Hoje pela manhã foi decidido na sede da FUNAI em ITAITUBA que 60 homens da Força Nacional irão para a Aldeia sawre muybu, cumprir o decreto expedido pela Presidenta da Republica do dia 12 de março, é uma Aldeia com 132 Indígenas. Estamos muitos preocupados porque há 4 meses atrás numa operação chamada Eldorado foi morto um parente e vários ficaram feridos inclusive crianças, jovens e idosos, na Aldeia Teles Pires.
O governo marcou uma reunião para dia 10 de abril para falar dessa operação. Mas uma vez esse governo está quebrando acordo com o povo Munduruku, por isso não queremos mais reunir com esse governo até que ele pare com essa ação contra a decisão do nosso povo. Pedimos a ajuda do Ministério Publico Federal, para nos ajudar a resolver esses problemas sem que haja mais mortes. Pois não ficaremos de braços cruzados vendo tamanho desrespeito com nosso povo e nosso território.
Povo Munduruku
Jacareacanga, 27 de março de 2013“