MAB parabeniza D. Erwin por título de Doutor Honoris Causa

A Universidade Federal do Pará concedeu a Dom Erwin, bispo do Xingu, o título de Doutor Honoris Causa nessa quinta-feira (21). A cerimônia aconteceu em Altamira por uma decisão da Universidade para possibilitar a participação do povo da cidade onde o bispo mora. O título é a maior comenda que a universidade concede a alguém.

Dom Erwin nasceu na Áustria e escolheu trabalhar na Amazônia brasileira. Ele chegou a Altamira no dia 21 de dezembro de 1965. Em 1981 tornou-se bispo do Xingu. Desde o início abraçou a causa dos povos da Amazônia, envolvendo-se nas lutas concretas dos indígenas, ribeirinhos, operários, e denunciando as injustiças cometidas contra pessoas e povos em situação vulnerável. Essa postura engajada lhe valeu muitas ameaças de morte, e hoje precisa andar protegido.

De acordo com a professora Ana Maria, D. Erwin é muito odiado e muito amado. ‘O título é especialmente pela sua coerência, e a Universidade agora fica maior com sua presença’, disse. Já Felício Pontes, Procurador Federal, ressaltou a participação do bispo na Constituinte, garantindo a inclusão dos direitos indígenas, passando do integralismo à sua autodeterminação.

Dom Erwin afirmou que esse prêmio é único porque é do ‘meu Pará’. Disse ainda que o Título homenageia tantas pessoas, mulheres e homens que doam sua vida. Conforme ele mesmo disse, em palavras de ‘terno carinho e atenta inquietude’, lembrou a história de Altamira, seus altos e baixos, e criticou duramente o processo prepotente de implantação de Belo Monte. Ele definiu o indígena como o ‘fiel na balança dos Direitos Humanos, que hoje é tratado como trava do progresso, um retrocesso na Constituição cidadã. E defendeu uma Amazônia soberana, conta o mercantilismo atual.

O MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) parabeniza D. Erwin pelo merecido Título de Doutor Honoris Causa e pela sua defesa intransigente das vítimas do desenvolvimentismo neocolonial. Sua postura inarredável frente aos projetos capitalistas na Amazônia, como é o caso de Belo Monte, anima e inspira o Movimento a continuar seguindo a trajetória de contribuir na organização do povo para a construção da nova ordem social.