Povo sai animado de assembleia dos atingidos por Belo Monte
Por volta de 500 atingidos pela barragem de Belo Monte se reuniram neste 14 de Março em uma grande assembleia na cidade de Altamira. O objetivo foi discutir formas de […]
Publicado 15/03/2013
Por volta de 500 atingidos pela barragem de Belo Monte se reuniram neste 14 de Março em uma grande assembleia na cidade de Altamira. O objetivo foi discutir formas de exigir do poder público e da Norte Energia (dona da barragem) condições para permanecerem em suas casas nas áreas alagadiças da cidade de Altamira. Além disso, querem resposta da empresa sobre os reassentamentos a que tem direito.
O consórcio construtor da barragem (CCBM) está intensificando o ritmo das obras para cumprir o cronograma e colocar a primeira turbina para funcionar em fevereiro de 2015. Mas a construção das mais de 5.300 casas das famílias que terão que ser removidas sequer começou. Nesse ritmo, a empresa terá que construir ao menos 220 casas por mês, se começar agora, para que estejam prontas quando as comportas da usina forem fechadas, formando o lago de 516 km².
Os atingidos questionam a qualidade dessas casas e exigem a garantia de permanecer nas suas até que a situação esteja resolvida e com as necessidades contempladas. Mas a empresa se recusa a manter um diálogo com as famílias, restringindo a interlocução a um grupo de empresários.
Nós tivemos visitas da Norte Energia, todos os dias eles vinham com propostas bonitas, de que teriam casas de três tamanhos, e a gente acreditou na inocência. Hoje a gente sabe que é casa de um tamanho só e também não será suficientemente preparada para receber as famílias, que mal terá condições de abrigar uma família de cinco pessoas, afirmou Moisés, morador do Baixão do Tufi.
Nas falas dos moradores, ficou clara a existência de problemas comuns nos diversos bairros e a necessidade de se mobilizar para garantir seus direitos. Nós não temos condições financeiras de comprar um terreno em uma área boa, porque se nós tivéssemos condições não estaríamos construindo casas de madeira reaproveitada e palafitas para a gente andar em cima, afirmou Edizângela, moradora da Boa Esperança e militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Nossa briga como morador também é para que a gente tenha união e força para receber a nossa cesta básica lá onde a gente está morando, sem precisar ir para parque de exposição, colégio, não precisarmos sair da nossa residência, porque passamos por situações muito constrangedoras, afirmou Moisés.
Também participaram da atividade organizada pelo MAB as famílias acampadas em uma área abandonada pelo poder público no município vizinho de Brasil Novo. Nós também somos atingidos porque em Brasil Novo o aluguel aumentou e nós não tivemos mais condições de pagá-lo. Então, encontramos uma área ociosa onde era para ser construída uma escola agrícola que nunca foi feita. Agora estão lá 173 famílias, afirmou Sandra, uma das lideranças da ocupação. A gente tem que lutar junto, buscar o apoio de todos, complementou.
Também participaram da atividade o padre João Bosco, representando a Prelazia do Xingu, e o defensor público Fábio Rangel, que se comprometeu a ajudar a luta dos atingidos. Nós estamos pensando, e não é pouco, numa forma de defendê-los, mas nós precisamos do povo organizado. Só o povo organizado consegue se fazer ouvir, afirmou o defensor.
O Movimento dos Atingidos por Barragens está em atividades de luta em todo o país nesta semana por ocasião do 14 de Março: Dia internacional de Luta contra as Barragens.