Trabalhadores atingidos por Belo Monte unificam a luta

No último sábado (4/02) representantes de pescadores, oleiros e dos carroceiros decidiram trabalhar juntos na luta contra Belo Monte e pelos direitos. A reunião foi organizada pelo Movimento dos Atingidos […]

No último sábado (4/02) representantes de pescadores, oleiros e dos carroceiros decidiram trabalhar juntos na luta contra Belo Monte e pelos direitos. A reunião foi organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens e os participantes construíram uma pauta unificada de luta. São milhares de trabalhadores, a maioria com subsistência diretamente vinculada ao rio, que estão insatisfeitos e revoltados com o descaso e a prepotência da Norte Energia, que “não dá solução para nada”, como dizem.

Eles reclamam principalmente das inundações ocasionadas pelo trancamento do rio para a construção das ensecadeiras. “Estamos vivendo um momento difícil com essas cheias, desde meados de janeiro as águas nos atrapalham. A gente sabe diferenciar a cheia normal do rio e essa que aconteceu de repente. Eles estão construindo a barragem de qualquer jeito. A empresa fala da recomposição de nossas atividades, diz que os projetos estão prontos, mas nós nunca vimos nem conhecemos esses projetos”, afirmou a representante dos oleiros.

Raimundo de Braga, pescador, explicou que a sua atividade já está prejudicada. Segundo ele, essa cheia que fez a água subir rápido demais e permanecer por período maior espanta os peixes. “Se o rio fica cheio assim por um mês e meio as árvores das ilhas morrem, os frutos acabam. Sem alimento, os peixes somem. As pedras onde tiramos iscas estão inundadas. Pesco há quinze anos e nunca vi uma situação assim” denuncia.

A maioria dos pescadores discordam do plano da empresa: “A empresa quer criatório, criar peixe em tanque-rede para nós não resolve. Vamos ter gastos com os tanques, ração, o cuidado… Na natureza é diferente, a gente vai e pesca, e a variedade é grande. Eles querem criar tambaqui. Imagine o que é três mil pescadores criar tambaqui. Como vamos vender?”, questiona seu Raimundo.

Os carroceiros também estão indignados com a Norte Energia e a Prefeitura de Altamira, que, segundo eles, não quer regularizar a profissão. “Entramos com pedido de emplacamento das nossas carroças e queremos definição de ruas onde a gente possa trafegar, mas não deram nem resposta. Eles querem acabar com o trabalho de 130 carroceiros, pais de família e isso não aceitaremos”, declarou um deles.

Fabiano Vitoriano, da coordenação do Movimento avalia que o momento é extremamente importante para a unidade dentro do específico de cada categoria. “Cada um tem sua pauta, mas a luta é a mesma. Belo Monte está aí e os trabalhadores deverão se unir para enfrentar toda essa pressão das empresas”, declarou Fabiano.