MAB e MST permanecem acampados em área da Fepagro em Vacaria
Durante a manhã de ontem (26), integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam e montaram acampamento em uma área […]
Publicado 27/09/2011
Durante a manhã de ontem (26), integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam e montaram acampamento em uma área de aproximadamente 370 hectares, da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), em Vacaria, Rio Grande do Sul.
A principal reivindicação das famílias acampadas é transformar a área em um centro de pesquisa voltado para a realidade da região. A proposta dos movimentos sociais é colocar famílias para viver da terra, trabalhando e produzindo alimentos saudáveis.
De acordo com os técnicos da Fepagro, nos últimos dois anos não foram ocupados nem 2 hectares de toda área para realizar as pesquisas. As famílias permaneceram acampadas até que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) cumpra seu papel e desaproprie a área, destinando-a para fins de reforma agrária.
Segundo Indianara Reis, da coordenação do MAB, hoje existem em torno de 2 mil famílias sem terra cadastradas no INCRA do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Estas famílias foram expulsas pela construção das barragens na bacia do rio Uruguai. Aqui no nosso estado temos em torno 660 famílias do MAB cadastradas esperando pela terra, diz.
Pessoas e entidades já realizam visitas ao acampamento prestando solidariedade aos movimentos e suas pautas de reivindicações. O secretário da Agricultura e Meio Ambiente de Vacaria, Vanderlei Koefender, diz que o poder público entende os motivos da ocupação e esta disposta a contribuir com as negociações.
A gente entende que os movimentos sociais buscam aquilo que é de seu interesse e temos conhecimento de que o MAB e o MST são movimentos que estão na luta pela terra há muito tempo e que a maneira de chamar a atenção da sociedade para discutir suas pautas e os problemas é dessa forma. Por isso viemos até aqui para dialogar e participar desse processo, uma vez que envolve a agricultura, que é nossa frente de atuação no município. Sabemos que a questão que os movimentos colocam em relação à pesquisa é ‘pesquisa pra quem e para que’. Hoje esse é o grande questionamento que o pessoal tem nos colocado, por isso que achamos importante discutir esses pontos para ver qual rumo vai ser tomado, afirmou o secretário.
Mais ocupações
Além de Vacaria, o MST realiza neste momento mais duas ocupações no Rio Grande do Sul. O MST está mobilizado nas regiões para pressionar os governos federal e estadual para realizar o assentamento imediato das mil famílias acampadas hoje no estado.
Na região de Porto Alegre, mais de 300 trabalhadores ocupam uma área na RS 040, próximo ao posto do pedágio de Viamão. O local foi motivo de investigação da Polícia Federal que neste ano encontrou mais de 2 toneladas de maconha na área. Já em Sananduva, mais de 200 trabalhadores rurais Sem Terra ocupam uma área com mais de 300 hectares.
Em abril, o governo do estado, depois de um acordo com o governo federal, se comprometeu a assentar as famílias acampadas. Foi assinado um “Termo de Compromisso” com os camponeses, mas nenhum assentamento foi realizado desde então.
Em assembleias realizadas hoje, as famílias decidiram que só deixarão os locais ocupados se os governos apresentarem soluções definitivas para o assentamento. O governo estadual se comprometeu a abrir negociação amanhã. Os movimentos reivindicam que as reuniões sejam nos locais ocupados.