Agricultores avançam na busca de solução para o endividamento
Com mobilização unificada, movimentos do campo conseguiram ser atendidos pelo governo federal Após dois anos de negociação, o governo federal voltou a receber uma representação dos movimentos sociais do campo […]
Publicado 01/07/2011
Com mobilização unificada, movimentos do campo conseguiram ser atendidos pelo governo federal
Após dois anos de negociação, o governo federal voltou a receber uma representação dos movimentos sociais do campo em Brasília para buscar solução ao problema do endividamento dos pequenos agricultores. Nesta quarta-feira (29), o governo federal reconheceu o problema do endividamento e assumiu que vai resolvê-lo. A proposta é que um grupo de trabalho (GT) com representantes do governo federal e dos movimentos sociais discuta maneiras para que os agricultores continuem tendo acesso ao crédito.
Uma das grandes preocupações dos movimentos era que grande parte dos pequenos agricultores ficariam fora do próximo plano safra devido a inadimplência. Houve também o anuncio do parcelamento do crédito emergencial, no valor de R$ 2.000,00, que foi emitido aos agricultores devido à estiagem. Seu pagamento será parcelado em quatro anos, com a cobrança da primeira parcela em novembro desse ano.
Além disso, os agricultores terão um prazo de espera de até 60 dias para efetuarem os pagamentos dos créditos do Pronaf Investimentos, incluindo os vencidos e os que estão vencendo. O objetivo é que neste prazo já tenha sido encontrada a solução também para estas dívidas.
O GT será formado por dois membros de cada entidade representativa da agricultura familiar (Via Campesina, Fetraf e Fetag) e os representantes do governo federal. A primeira reunião está agendada para o dia 20 de julho, quando o governo deverá apresentar um levantamento sobre o endividamento, com dados sobre quantos são os agricultores endividados e qual o valor financeiro das dívidas, entre outras informações.
Mobilizações
Na quarta-feira (29), cerca de 20 mil agricultores da Via Campesina, Fetraf e Fetag estiveram mobilizados no estado do Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina também estiveram mobilizados aproximadamente 15 mil agricultores. Mesmo debaixo de chuva, os agricultores saíram de suas propriedades para reivindicar aos governos as renegociações das dívidas da agricultura camponesa.
Devido as medidas tomadas pelo governo federal, as mobilizações foram suspensas temporariamente. Mas os agricultores dizem que essas medidas não bastam e que se não houver mais avanços nas negociações, eles voltarão a se mobilizar. Na capital gaúcha os agricultores ocuparam o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Ministério da Fazenda.
Numa avaliação conjunta, os movimentos do campo consideram este um passo importante na luta contra o endividamento, reconhecendo a importância das diversas mobilizações de rua feitas pelos agricultores, a unidade de quase todas entidades do campo e a sensibilidade do governo federal, mas acima de tudo a justeza da luta dos agricultores que querem condições para continuar produzindo alimentos aos brasileiros e gerando renda e trabalho.