MAB apoia greve de trabalhadores da CSN em Minas Gerais
O MAB está apoiando a greve dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), deflagrada no sábado (28), na Mina Casa de Pedra em Congonhas, Minas Gerais. Os cerca de mil […]
Publicado 30/05/2011
O MAB está apoiando a greve dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), deflagrada no sábado (28), na Mina Casa de Pedra em Congonhas, Minas Gerais. Os cerca de mil trabalhadores, organizados no Sindicato Metabase Inconfidentes, reivindicam reajuste salarial de 15%, Cartão Alimentação de R$450,00, participação nos lucros de 6 salários míninos e melhoria nas condições de trabalho.
A CSN, que rejeitou a proposta, é a terceira maior empresa do país e teve em 2010 um lucro de mais de R$3 bilhões. Isso quer dizer que cada funcionário fez a empresa faturar mais de R$1 milhão no ano. Cada um produz em média 8.382 toneladas de minério, e recebe um salário médio abaixo de R$ 1.100 por mês. A reivindicação dos trabalhadores representa apenas 2,2% de todo este lucro.
A greve tem apoio de diversas entidades e partidos políticos além de pastorais sociais, paróquias, associações de mora dores, parlamentares e movimentos populares.
Efrain Moura, assessor do sindicato, diz que a expectativa é manter firme o processo ao longo do final de semana e na segunda-feira consolidar a greve com adesão dos trabalhadores do administrativo. Esperamos assim que a CSN se curve e venha negociar uma proposta melhor.
Em Volta Redonda, RJ, onde está instalada siderurgia da CSN, a expectativa também é de greve. Na última sexta-feira (27) mais 4 mil trabalhadores rejeitaram a mesma proposta que foi apresentada na mina Casa de Pedra. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que vem debatendo os atingidos pela mineração em parceria com o Sindicato Metabase, acompanha o processo de greve.
Thiago Alves, membro da coordenação estadual do MAB afirma que Esta aliança é muito importante. As empresas mineradoras, que exploram os trabalhadores em níveis inacreditáveis e causam graves impactos sociais e ambientais, são as mesmas que violam os direitos humanos na construção de barragens. Nossos inimigos são os mesmos e precisamos enfrentá-los juntos.
Problemas para a cidade
Apesar de gerar tanta riqueza, a mineração deixa em Congonhas apenas um rastro de poeira que vem notoriamente sendo causa de complicações respiratórias e câncer, com grande incidência na cidade.
Instalada na região há 70 anos, a CSN extrai por ano 27 milhões de toneladas de ferro apenas na Minas Casa de Pedra. Se o lucro líquido da empresa fosse distribuído entre o povo de Congonhas, pouco de mais de 40 mil habitantes, cada pessoa receberia por ano algo em torno de 72 mil reais, ou perto de 6 mil por mês.
Isso tem um reflexo direto no ambiente e na qualidade de vida da população. A CSN leva o minério embora e deixa na cidade um rastro de destruição. A poeira no ar e pelas ruas é particularmente grave, pois está associada ao alto índice de câncer e outras doenças relacionadas a complicações respiratórias.
O impacto ambiental das atividades da CSN também é dramático. Pires, um dos bairros que fica à frente de uma das minas de sua companhia, a NAMISA, perdeu 6 dos seus 7 mananciais de água. Montanhas são solapadas. E a histórica cidade de Congonhas, patrimônio da humanidade, vai perdendo sua graça, pois completamente invadida e destruída pela apropriação privada dos bens naturais do povo e da nação brasileira.