Pequenos agricultores da Via Campesina marcham em Porto Alegre
Mais de 3 mil pequenos agricultores da Via Campesina realizam nesta quarta-feira (18) uma grande marcha na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Um grupo de agricultores saiu por volta […]
Publicado 18/05/2011
Mais de 3 mil pequenos agricultores da Via Campesina realizam nesta quarta-feira (18) uma grande marcha na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Um grupo de agricultores saiu por volta das 7h da ponte do Rio Guaíba e o outro do Monumento do Laçador. Os dois grupos se encontram mais tarde em frente à prefeitura da capital.
Os integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que integram a Via Campesina, exigem a renegociação das dívidas da agricultura familiar. Somente no Rio Grande do Sul, os pequenos agricultores somam R$ 5 bilhões em dívidas vencidas ou que estão por vencer. Já no Brasil, o valor chega a R$ 30 bilhões.
A renegociação é fundamental para a continuidade da produção, já que muitos pequenos agricultores e assentados da reforma agrária não conseguem mais acessar crédito devido às dívidas. A situação é preocupante, pois a agricultura familiar é responsável pelo abastecimento interno de alimentos – responde por 70% do alimento da mesa do brasileiro.
Os eventos climáticos como a estiagem, as enxurradas, o granizo, as enchentes e os vendavais resultaram em perdas significativas nas safras plantadas. As causas do endividamento são antigas e refletem os custos de produção muito altos, os preços baixos pagos aos pequenos produtores, secas frequentes, empobrecimento no campo e falta de políticas públicas de comercialização. Enfim, um modelo agrícola equivocado que enriqueceu as indústrias de insumos e agrotóxicos e empobreceu o povo do campo.
Além da marcha, estão previstas manifestações de pequenos agricultores em cinco cidades gaúchas ao longo desta semana. Hoje, cerca de 1.500 agricultores da região do alto Uruguai ligados à Via Campesina e à FETRAF estarão mobilizados em Erechim.
Os agricultores exigem:
– Consolidação em um único contrato das dívidas de custeio e investimento dos camponeses e assentados da Reforma Agrária;
– Alongamento do prazo de pagamento para 15 anos, com 2 anos de carência e juro zero;
– Bônus de adimplência de 30% em cada parcela repactuada;
– Desconto de R$ 12 mil por família, incluindo o crédito emergencial;
– Acesso a novos financiamentos.
Os trabalhadores exigem ainda que o governo estadual intermedie as negociações com o governo federal.
Foto: Leandro Silva