Agricultores familiares fazem manifestações nesta quarta e quinta-feira no RS
Os pequenos agricultores organizaram uma série de atos no Rio Grande do Sul para reivindicar a negociação da dívida da agricultura familiar. Na região do Alto Uruguai, a mobilização se […]
Publicado 18/05/2011
Os pequenos agricultores organizaram uma série de atos no Rio Grande do Sul para reivindicar a negociação da dívida da agricultura familiar. Na região do Alto Uruguai, a mobilização se concentrara em Erechim, nos dias 18 e 19, a partir das 8h30, no CTG Galpão Campeiro. Os manifestantes querem a anistia do pagamento do crédito de emergência concedido na estiagem de 2008 e a liberação da construção de 500 casas pela Caixa Econômica Federal (CEF).
Crédito emergencial
Na época da seca, o Sindicato Unificado dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sutraf) encaminhou 7.599 propostas de crédito emergencial. O perdão da dívida poderá representar uma economia de cerca de R$ 15 milhões para os agricultores da região.
O coordenador do Sutraf, Ari Pertuzatti, acredita que resolvendo este impasse os agricultores terão condições de quitar as demais dívidas ou diminuir seu peso nos próximos anos. O problema dos dois mil reais é mais urgente, mas a proposta das entidades representativas dos agricultores familiares e assentados do Rio Grande do Sul, juntamente com o governo do Estado, é consolidar o conjunto das dívidas vencidas e que estão por vencer da agricultura familiar em contrato único, disse.
A proposta é incluir no contrato financiamentos contratados até a Safra 2010/2011; repactuar o saldo devedor e alongar o prazo em até 15 anos para a quitação destas dívidas, com carência de dois anos, bônus de adimplência de 30% em todas as parcelas repactuadas e juro zero; remissão de valores até R$ 12 mil por família, incluindo o crédito emergencial; individualização das dívidas contraídas em grupo ou com aval solidário e o acesso a novos financiamentos.
Morador da Linha Gaboardi, interior de São Valentin, Volmir Capelli aguarda as decisões sobre o pagamento do crédito emergencial que recebeu em 2008, quando aconteceu a última grande estiagem. Ele espera que haja o perdão de parte da dívida ou a possibilidade de parcelar o pagamento. Se isso não der certo, vai ficar difícil pra nós. Ainda mais que tenho um financiamento que estou pagando no momento. Ele explicou que na época, utilizou os R$ 2 mil para pagar dívidas. A família vive numa propriedade de 16 hectares, onde criam vaca leiteira e plantam milho e feijão.
Habitação
Sobre o atraso na assinatura dos contratos de financiamento habitacional, Pertuzatti salienta: são problemas que se arrastam sem solução, fazendo com que os agricultores familiares acabem adiando os planos de vida. Nesta situação está o agricultor familiar Leomar Hoffmann, de 33 anos, que mora na comunidade de São João Giaretta, no interior de Erechim. Ele aguarda a liberação do dinheiro pela CEF para a construção da sua casa e formação da sua família. Ele é noivo e está esperando a construção da casa para se casar. Pelo tempo que estamos esperando, a casa já poderia estar pronta. Nossos planos são construir na propriedade dos meus pais e morar aqui, dando continuidade às atividades agrícolas.
O valor que ele aguarda gira em torno de R$ 40 mil, que será complementado com suas economias e ainda com madeira extraída da propriedade. Até a licença para usar a madeira já saiu e o financiamento, nada reclama. Atualmente, Leomar reside com os pais em uma propriedade de 25 hectares, onde criam vaca de leite, plantam milho, soja e trigo.
Os manifestantes querem uma posição do governo até o final do mês de maio. O movimento reúne a Fetraf-Sul, Movimento de Atingidos por Barragens(MAB) e a Via Campesina. A Fetraf sul realiza manifestações semelhantes em pelo menos outras 10 regiões do RS, SC e PR. Nesta terça- feira ( 17) cerca de 600 pessoas ligadas aos movimentos sociais que fazem parte da Via Campesina iniciaram uma marcha de Tabaí, no Vale do Taquari, até Porto Alegre pelo acostamento da BR 386, com o objetivo de também pressionar o governo para renegociar as dívidas dos pequenos agricultores.