Via Campesina continua mobilização contra o endividamento rural no RS

Cerca de três mil pessoas entre agricultores e metalúrgicos realizaram na manhã de hoje (17), um ato em frente à Massey Ferguson, em Canoas (RS), como parte das mobilizações organizadas pela Via Campesina contra o endividamento rural.

Participaram da atividade cerca de 600 militantes da Via Campesina, que iniciaram ontem uma marcha na BR-386, saindo de Tabaí em direção a Porto Alegre. Os pequenos agricultores exigem dos governos federal e estadual a renegociação das dívidas.

Já os metalúrgicos pedem aumento salarial e denunciam demissões como as anunciadas pela John Deere, do ramo de tratores, plantadeiras e colheitadeiras. Esta empresa, mesmo recebendo recursos do governo, está demitindo seus funcionários.

Amanhã, dia da chegada dos manifestantes da Via Campesina à capital gaucha, está previsto um ato junto ao Monumento ao Laçador, na zona norte da cidade, onde são esperadas mais de três mil pessoas. Depois, o grupo segue em caminhada até o centro de Porto Alegre.

Segundo Isaías Vedovatto, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), das 450 mil famílias de agricultores do Rio Grande do Sul, 70% estão endividadas, sem condições de continuar produzindo. “O problema também atinge a população, já que mais de 60% dos alimentos consumidos no País são provenientes dos pequenos agricultores”, afirma.

Do governo estadual, os agricultores pedem ajuda política para que a União renegocie os prazos e valores. ”A proposta é que haja uma repactuação do saldo devedor e alongamento do prazo em até 15 anos para quitação das dívidas, com carência de dois anos”, explica Isaías. “Além disso, os produtores pedem juro zero e remissão de R$ 12 mil por família, incluindo o crédito emergencial.”

Além da marcha, estão previstas manifestações de pequenos agricultores em cinco cidades gaúchas ao longo desta semana. Amanhã (18), cerca de 1.500 agricultores da região do alto Uruguai ligados à Via Campesina e à FETRAF estarão mobilizados em Erechim.