MAB participa de debates e mobilizações no Paraguai
No Paraguai, os últimos dias foram de grandes mobilizações e intensos debates sobre o modelo energético. Representantes do Movimento dos Atingidos por barragens (MAB) estiveram participando dos eventos´. Na segunda-feira, […]
Publicado 28/04/2011
No Paraguai, os últimos dias foram de grandes mobilizações e intensos debates sobre o modelo energético. Representantes do Movimento dos Atingidos por barragens (MAB) estiveram participando dos eventos´.
Na segunda-feira, dia 25, em Assunção, aconteceu um seminário para discutir temas relacionados à integração dos povos, soberania nacional e dívida pública e social. Um dos ápices do seminário foi relacionado à Itaipu. Foi consenso entre os participantes que o atual Tratado de Itaipu é prejudicial aos povos do Brasil e Paraguai, já que foi construído por duas ditaduras militares, violentas e repressoras, o que também se refletiu na forma de tratamento as populações atingidas e aos trabalhadores da obra, afirmou Robson Formica, da coordenação nacional do MAB, que participou do evento.
Temas como auditoria das dívidas do Brasil e Equador também foram abordados, alem das dívidas financeira, social e ambiental de Itaipu. Dentre os expositores estiveram o diretor da binacional, Itaipu Gustavo Codas, e o economista belga e membro do Comitê pela anulação das Dívidas dos Países do Terceiro Mundo, Eric Toussaint. Relatos e exposições de trabalhadores de Itaipu foram apresentados alem das discussões sobre a renegociação do tratado.
Segundo Formica, o seminário foi positivo. Como principal elemento ficou a mensagem de luta que o povo paraguaio vem travando pra recuperar sua soberania energética, isso nos anima e nos traz aprendizagens de que é possível mudar as coisas e colocar os bens naturais à serviço dos povos e não das transnacionais aliadas das oligarquias locais, portanto nós, dos movimentos sociais brasileiros, devemos estreitar ainda mais as relações e alianças, disse.
Na terça-feira, dia 26, aconteceu uma grande mobilização com mais de três mil pessoas na Ponte da Amizade, na divisa entre o Brasil e Paraguai. O ato marcou o aniversário de 38 anos da assinatura do Tratado de Itaipu. Uma mobilização carregada de mística e entusiasmo, ressaltou Formica. “Há 38 anos as ditaduras militares brasileira e paraguaia impuseram aos povos um tratado que só atendeu os interesses das grandes empresas, e agora os povos lutam e buscam restabelecer os marcos desse acordo e colocar toda riqueza produzida a serviço das necessidades sociais que temos”, finalizou.
Ainda na tarde de terça-feira, outro ato ocorreu na Ciudad del Este, com a participação do presidente paraguaio, Fernando Lugo. Na ocasião também estiveram presentes o diretor de Itaipu, Gustavo Codas, o coordenador das negociações do Tratado pelo Paraguai e deputado do Mercosul, Ricardo Canese e a vice-ministra de Minas e Energia do Paraguai, Mercedes Canese.
Lugo destacou a importância que os movimentos sociais estão tendo na luta pela recuperação da soberania energética do Paraguai. O presidente paraguaio também salientou como de fundamental importância a solidariedade e o apoio dos movimentos sociais brasileiros nesse processo. Os avanços que poderão ocorrer com o ingresso de mais recursos para atender as necessidades do povo paraguaio foi lembrado por Lugo como um avanço.
“Os povos da América Latina têm nos apresentado experiências importantíssimas como a questão da água na Argentina e Bolívia, a questão do gás na Bolívia, agora da hidreletricidade no Paraguai, são lutas que nos animam e nos dão força para que possamos construir uma integração solidaria, desde os povos, que respeite e valorize as culturas e coloque nossas riquezas a serviço do povo”, finalizou o coordenador nacional do MAB.