Atingidos por barragens reforçam acampamento de 9 meses no Tocantins
Nesta terça-feira (16), os atingidos pela Usina Hidrelétrica de Estreito, acampados desde julho do ano passado próximo ao canteiro de obras da barragem, reforçaram a mobilização que faz parte da […]
Publicado 16/03/2010
Nesta terça-feira (16), os atingidos pela Usina Hidrelétrica de Estreito, acampados desde julho do ano passado próximo ao canteiro de obras da barragem, reforçaram a mobilização que faz parte da jornada de lutas do Dia Internacional de Luta contra as Barragens.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) acusa o consórcio Ceste, responsável pela obra, por não garantir suporte e compensação à população atingida. Entre os impactados pela hidrelétrica estão: quatro comunidades indígenas, ribeirinhos, habitantes de 12 municípios, além de fauna e flora da região. O consórcio Ceste é formado pelas empresas Suez, Vale, Alcoa, BHP Billiton Metais e Camargo Corrêa Energia.
Hoje os atingidos farão uma grande assembléia de avaliação dos nove meses de acampamento e exigirão o reconhecimento de todas as famílias como atingidas, para que tenham os seus direitos reconhecidos, assim como aconteceu com os atingidos pela barragem de São Salvador, também construída no Rio Tocantins, no sul do Estado.
Segundo Cirineu da Rocha, coordenador do MAB na região, em São Salvador houve diálogo entre os atingidos e a empresa. Na época, foi organizado uma equipe formada por representantes do MAB, da empresa, do governo e do Ministério Público. Essa equipe analisou os casos e fez todas as avaliações necessárias. O resultado disso foi que em São Salvador, todas as famílias foram indenizadas, até as que possuíam apenas um barraco, afirmou Cirineu.
Porém, a situação em Estreito é muito diferente e a empresa nunca abriu possibilidades de diálogo em todo esse período. Em Estreito, o consórcio é muito truculento, além de não ter aberto diálogo, em muitos casos despejou as famílias de suas casas e centenas delas sequer foram reconhecidas como atingidas pela barragem, denunciou Cirineu.
“A barragem de Estreito é o exemplo do que não pode acontecer com um rio, com as pessoas e com o meio ambiente. Essas empresas simbolizam a ganância dos capitalistas sobre os nossos recursos naturais, além disso, elas negam nossos direitos, e com recursos do BNDES, estão transformando o rio Tocantins num imenso lago”, disse o coordenador. Estreito é a sétima usina hidrelétrica no Rio Tocantins, para o qual estão previstas pelo menos outras três.