Atingidos por barragens acampam por direitos em Sobradinho (BA)

Na noite de ontem, 15 de março, atingidos pelas barragens de Sobradinho, Itaparica, Riacho Seco e Pedra Branca iniciaram um grande acampamento em Sobradinho, na Bahia

Foto: arquivo MAB

Na noite de ontem, 15 de março, atingidos pelas barragens de Sobradinho, Itaparica, Riacho Seco e Pedra Branca iniciaram um grande acampamento em Sobradinho, na Bahia. No ato de abertura estiveram presentes autoridades e representantes de várias entidades, entre elas prefeitos, religiosos, militantes de movimentos sociais, sindicalistas e outros. Cerca de 500 pessoas participam da ação que faz parte da jornada do Dia Internacional de Luta contra as Barragens, comemorado no dia 14 de março.

Os objetivos do acampamento são a articulação dos atingidos das diversas comunidades e municípios, o diálogo conjunto sobre os grandes projetos de investimento do capital e suas consequências na região e o debate do modelo energético brasileiro e a sua implicância nas questões sociais e ambientais.

Durante a atividade, pretende-se intensificar o debate com as populações atingidas sobre os grandes projetos, com foco na Transposição do Rio São Francisco e nas barragens. Na oportunidade, será viabilizado também o intercâmbio entre os atingidos, no sentido de construir uma pauta conjunta de reivindicação dessas comunidades.

Para amanhã (17) estão sendo esperados órgãos do governo para debater a pauta de reivindicações dos atingidos, entre eles o Incra, Chesf, Codevasf, prefeituras, vereadores, além de movimentos sociais como MST, MPA e CPT.

Mais duas barragens no São Francisco

A Chesf viabiliza estudos para construção de mais duas barragens na região do Sub-Médio São Francisco: Riacho Seco e Pedra Branca. Se construídas, essas barragens atingirão comunidades dos municípios de Curaçá, Abaré e Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande, Orocó e Cabrobó, em Pernambuco.

Segundo informações do Movimento dos Atingidos por Barragens, cerca de 20 mil pessoas poderão ser desalojadas de suas áreas com a construção das duas obras. O MAB denuncia que no caso de Riacho Seco, a Chesf vem realizando oficinas no intuito de convencer as comunidades sobre a importância das barragens e negociar as condições de saída das famílias das suas terras. Já o processo da hidrelétrica de Pedra Branca está suspenso devido ao processo de demarcação do território indígena Tumbalalá.

Uma luta histórica contra as barragens

“Para os movimentos sociais, a luta deve ser contra a implantação das barragens, pelos diversos impactos que esses projetos causam às famílias. Temos muito vivo o exemplo negativo da construção de Sobradinho”, disse Nívea Diógenes, da coordenação do MAB na região, que relembra a luta histórica do povo contra as barragens: “Desde o final dos anos 70, com a construção da Barragem de Sobradinho, quando mais de 70 mil pessoas foram relocadas de suas terras, diversas organizações sociais e movimentos populares foram criados para defender os interesses das comunidades. Depois de 30 anos, muitas famílias ainda não tiveram os seus direitos garantidos, como água, saúde, infraestrutura de estradas, entre outras reivindicações, por isso somos contra mais barragens nesse rio”, afirmou.

O acampamento em Sobradinho segue até o dia 18.

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