Atingidos pela barragem de Jirau não querem casas de placa e cobram seus direitos
Hoje, 18 de fevereiro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) mais uma vez fará uma grande assembléia na comunidade de Mutum Paraná, em Rondônia, com o objetivo de discutir […]
Publicado 18/02/2010
Hoje, 18 de fevereiro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) mais uma vez fará uma grande assembléia na comunidade de Mutum Paraná, em Rondônia, com o objetivo de discutir a pauta de reivindicações dos atingidos pela barragem de Jirau. Eles reivindicam o direito ao reassentamento e a um plano de desenvolvimento local.
As famílias ainda resistem à retirada forçada pelo consórcio, que vem negando informações aos atingidos. “Nós apenas sabemos que vamos ter que sair das nossas casas, mas não sabemos qual será a forma de indenização nem se haverá indenização para todos. Queremos ter a garantia de continuar na terra produzindo para sustentar nossas famílias”, disse um atingido.
No início de janeiro, o MAB teve acesso ao Plano de Remanejamento da População Atingida, produzido pela empresa Enersus, dona da barragem. O plano ainda não contempla os diretos dos atingidos e possui pontos que o MAB não concorda, entre eles a carta de crédito e agrovilas urbanas. Como dizem os atingidos, “com a carta de crédito o dinheiro acaba logo e no Pólo Industrial não teremos condições de produção, como eram acostumados.
Nosso povo deve ser reassentado em áreas que dêem condições mínimas de reestruturação das famílias, como possibilidade de continuarem produzindo na terra”, afirmou uma liderança de Mutum. O MAB afirma que os atingidos têm direito de decidir para onde querem ir, e como deve ser a sua transferência, com direito de permanecer na beira do rio, no entanto, o que acontece é que e empresa decide tudo pelas famílias e está construindo casas de placas nas agrovilas. Dezenas dessas casas já caíram, mesmo antes de serem ocupadas. “É um modelo que para realidade da Amazônia não serve, pois a região é muito quente e será insuportável viver nelas, além do mais, a qualidade dessas casa é péssima e nós não queremos morar nesses lugares”, declarou um morador.
A situação das famílias foi relatada ao presidente Lula por Cleide Passos, a atingida pela barragem de Santo Antônio. A audiência entre o presidente e o MAB aconteceu no dia 4 de fevereiro, em Brasília. Na ocasião o presidente reconheceu novamente a dívida do Estado brasileiro com os atingidos por barragens e afirmou a necessidade das pessoas terem as condições necessárias para viver com dignidade. Na assembléia de hoje, os atingidos irão passar as informações da audiência com Lula e cobrar das empresas que cumpram as definições do presidente.